Quinta-feira, 31 de Julho de 2008
Rua António Peixoto

      RUA  ANTÓNIO  PEIXOTO ( Pachancho )

 

Situada também na  Urbanização de Infias, a rua António Peixoto, tem o seu início na rua Feliciano Ramos, logo por perto onde o conhecido industrial bracarense acabou por instalar a Fábrica Pachancho que, como sabemos, deu vida aos pavilhões que por volta da primeira ou segunda dezena do século XX, o Hospital da Misericórdia principiou por edificar para umas novas instalações dos serviços hospitalares de Braga, obra que não se chegou a concretizar devido a vários factores entre os quais não devia ser estranho o facto da eclosão da Primeira Grande Guerra.

   Desde cedo, António Peixoto, se interessou pelo ramo automóvel, podendo mesmo afirmar-se que o interesse por esta actividade, deve ter sido iniciada quando, mocinho ainda viu, pela primeira vez, “como a cidade em peso, um automóvel subir a rua do Souto, dar uma volta à Avenida, deter-se em Frente da Arcada” ou, mais tarde, como motorista do “Panhard” da famosa Dona Chica, subir a rua de Santa Margarida, a caminho do Castelo de Palmeira.

Dona Maria Rego, uma excêntrica milionária, recordada ainda hoje pela sua extravagância “que despendeu muitos milhares a comprar palácios e a edificar  inexplicáveis castelos bretões na Paisagem minhota” , tinha quatro automóveis e três motoristas, e um deles foi o Pachancho, que imediatamente assumiu à qualidade de motorista-chefe.  

Em 20 de Outubro de 1920, êste grande industrial bracarense, com um reduzido número de operários ( apenas sete ), na então pacata rua de Santo André, começou a exercer a sua actividade com uma oficina de serralharia mecânica. Pouco depois dedicou-se também a outros ramos de especialidade: reparações de automóveis, fabrico de peças em pequena escala, etc. Após um ou dois anos de actividade alargou o seu campo de acção, e principiou a fabricar motores de explosão, especialmente dedicados para a rega, motores que alcançaram grande sucesso como produtos de grande nomeada.

O sucesso alcançado levaram-no a transformar e mudar a sua oficina para Infias, para os citados pavilhões do hospital, onde numa verdadeira linha de montagem, principiou a fabricar em série peças destinadas a automóveis: pistões em alumínio e ferro, segmentos de compressão, cavilhas de pistões, camisas para cilindros, culatras, válvulas, enfim todos os acessórios necessários para os motores.

Um dos produtos que mais fama deram à Fábrica Pachancho, foram os amortecedores hidráulicos, de grande preferência internacional, que originaram até que a fábrica passasse a denominar-se “Fábrica Nacional de Pistões Pachancho”.

Tendo tomado parte em certames nacionais e estrangeiros, foi diversas vezes distinguido como na Grande Exposição Industrial Portuguesa de 1932, onde obteve dois diplomas de Medalha de Ouro e um de Prata; 8º. Salão Automóvel (Palácio de Cristal) Porto, 1932, Medalha de Ouro; Exposição Colonial, Porto, Medalha de Ouro e outras muito mais exposições que seria fastidioso enumerar.

Quando António Peixoto abriu a sua pequena oficina, já pelas estradas portuguesas circulavam os primeiros automóveis e camionetas que o País vira. As péssimas estradas de então, proporcionavam avarias constantes, desgastes de peças, carros parados empanados nas valetas. As reparações levantavam um problema difícil de resolver: a falta de peças para substituir as que se haviam inutilizado, era notória. Pachancho, com a sua visão de homem de futuros horizontes, achou que o remédio era produzi-las. E assim fez.

Apesar de os seus conhecimentos das leis da química e da física que reagem
à mistura da dose de carvão necessário ao ferro, uma conhecimento intuitivo das temperaturas, o seu olhar experiente, colmatava o seu desconhecimento técnico. Era, de facto, um ser excepcional. Um exemplo disso tivemos conhecimento. No final da Guerra de 39/45, uma avaria na máquina de projecção do Teatro Circo, deu como resultado que a peça se tornava insubstituível pela sua falta no mercado. A Alemanha de então não estava em condições de, rapidamente, fornecer uma substituta e, no mercado nacional, não havia em stok.

 Alguém lembrou, a Fábrica Pachancho, é a solução. E assim foi. António Peixoto, ao ver a peça logo indicou o bronze especial de que era feita e se encarregou de nesse mesmo dia a produzir. Nem sequer um dia se deixou de dar espectáculos cinematográficos, graças ao saber do grande industrial Pachancho.

Por estes anos lançou-se ao fabrico de bicicletas motorizadas, e elas imediatamente tiveram aceitação não só no País como no estrangeiro. Mas uma coisa que ele não consegui concretizar e que se o tivesse atingido, certamente Braga, estaria hoje colocada a nível das grandes cidades industriais do Universo.

Por uma acta da Câmara de Braga, soubemos que António Peixoto, chegou a pedir um alvará, que lhe foi concedido, para a construção na sua fábrica de veículos automóveis.

 Bracarense de origem modesta, de seu nome completo António Gomes do Vale Peixoto, nasceu numa Noite de Natal, na freguesia de Maximinos, e o seu apogeu industrial deu-se quando Braga estava prestes a entrar em crise pela passagem para São João da Madeira da indústria que até então mantinha a cidade numa certa prosperidade - as fábricas de chapéus e calçado – e faleceu na sua casa da rua de Santo André, no dia 31 de Março de 1958, deixando para a posteridade um nome que honra a cidade que o viu nascer – PACHANCHO.

 

Braga, 18 de Maio de 2008      

                                                   LUÍS COSTA

 

 

 

 



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Rua Luís Soares Barbosa

                       RUA  LÚIS  SOARES  BARBOSA

 

Situada na Urbanização do Feira Nova, entre as ruas Fernando de Oliveira Guimarães e Antero de Quental, a rua Luís Soares Barbosa, pretende homenagear o industrial de talha que tendo por principiar a aprender na oficina de seu irmão na rua Cruz de Pedra, se veio a impor, na melhor tradição dos entalhadores e enxambradores bracarenses. Tendo cultivado como poucos a sua arte, são suas as palavras que inseriu num nunca acabado diário : “Sempre tive um grande amor pela minha arte – a escultura e madeira”.

 

Era natural desta cidade onde nasceu em 1881 onde viria a falecer em 1959. Em 1905, Soares Barbosa, está em Lisboa, na casa do entalhador José Maior, na rua da Horta Seca, onde se foi aperfeiçoando a arte que bem cedo o apaixonou, a ponto de ter sido reconhecido e depois recomendado pelo escultor António Teixeira Lopes, bem como pelo Visconde de Pindela para uma estada em Paris, onde permaneceu desde Janeiro de 1906 até Outubro de 1909.

 

Na Cidade das Luzes, Luís Soares Barbosa, contacta com alguns artistas dos mais prestigiosos das casas de mobiliário artístico da época, como a Casa Kiger e a Dudouit Frères, tendo sido, pelo o seu trabalho, objecto de louvor público.

 

Enquanto permaneceu na capital francesa, estudou artes decorativas na Escola da Place des Voges, tendo então sido discípulo de Solin, onde se entusiasmou pela arte Déco, então a ensaiar os primeiros passos, entusiasmo que o levou a introduzir este novo estilo de mobiliário em Portugal.

 

Tendo a pedido do seu irmão regressado a Braga, para com ele co-dirigir os Móveis Soares Barbosa, então a instalar na Avenida Central, no prédio onde hoje ainda se encontra com a gerência dos seus herdeiros, depressa a novel firma atinge uma notável reputação. Em 1928, já com cinquenta operários, é distinguida pela notável qualidade doa seus trabalhos, atestada pela subscrição pública aberta pela Sociedade Nacional de Belas Artes com o fim de o Estado Português adquirir uma mobília de sala Luís XV, constituída por 34 peças em nogueira, posta em leilão pelo seu proprietário. A circular envidada que anunciava essa subscrição dizia tratar-se de “a mais rica e valiosa mobília de sala, única existente no Pai, que de modo algum, devia sair do património nacional”.

 

No entanto, Luís Soares Barbosa, não se fixou só pela arte da talha e arte di mobiliário. Também dedicou muito do seu saber ao desenho do mobiliário, do ferro forjado à tapeçaria, ocupando assim um lugar de relevo no panorama nacional das artes decorativas da primeira metade do século vinte.

 

Algum do seu espólio artístico foi exposto, quando em 1990, aquando da comemoração do centenário de Moveis Soares Barbosa, se apresentaram na oficina que ainda hoje continua onde em 1890 se instalou, maneira que com orgulho os seus sucessores prestam àquele artista a quem se deve o prestígio que esta casa ainda hoje tem.

 

Braga, 12 de Junho de 2008. 

                                                                                  LUÍS COSTA

      

 



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Quarta-feira, 30 de Julho de 2008
´Rua Ávaro Dória

                  RUA ACADÉMICO ANTÓNIO  ÁLVARO DÓRIA

 

Situada entre a Avenida Antero de Quental e a rua Albano Belino, (zona do Feira Nova) o topónimo “Académico António Álvaro Dória”, foi atribuído pela Câmara Municipal, em homenagem à ilustre figura de um homem que não sendo natural de Braga, muito contribuiu para, através de entre outros, nos seus trabalhos na Revista “Bracara Augusta” projectar bem longe, o nome da Cultura Bracarense.

 

Álvaro Dória, de seu nome completo António Álvaro da Silva Dória, nasceu no Porto a 26 de Outubro de 1902. Filho do professor Raul Dória, fundador da Escola do mesmo nome para o ensino da contabilidade, “formou-se dentro do mesmo espírito”, diz o “in memoriam” publicado em “Bracara Augusta”, após o seu falecimento.

 

Na Escola do seu pai tirou o Curso Geral do Comércio, passado a fazer parte, apenas com 17 anos, do seu corpo docente. Ainda durante alguns anos e depois da morte de Raúl Dória, continuou a leccionar na mesma escola. No entanto em 1929, deixou o Porto e veio definitivamente para Braga, onde no ano seguinte se fixou com a família até à data da sua morte ocorrida em 9 de Setembro de 1990.

 

Nesta cidade desempenhou diversificadas actividades docentes: foi em vários colégios da cidade, professor de português, francês, inglês, e história. Na escola Industrial e Comercial Dom Frei Bartolomeu dos Mártires, leccionou as cadeiras de Contabilidade e Grafias.

 

Dentro das suas habilitações profissionais, foi contabilista de algumas empresas bracarenses e foi nomeado como perito contabilista nos Tribunais de Braga e Monção.

 

Membro destacado de associações culturais e profissionais, podem mencionar-se a Sociedade Histórica da Independência de Portugal, Associação Jurídica de Braga, Sociedade Martins Sarmento, Academia Portuguesa de Ex-Libris, Instituto Português de Heráldica, Sociedade de Geografia de Lisboa. As associações estrangeiras também figuravam no seu curriculum – British Historial Society e Academia degli Artisti e Professionisti de Roma, Associação Internacional de Contabilidade. Foi sócio fundador da Associação Portuguesa de Técnicos de Contas e do Sindicato Nacional dos Contabilistas e Empregados de Escritório de Braga.

 

A sua actividade como publicista e investigador distribui-se pelos domínios da historiografia, da literatura, da língua, da administração e da contabilidade, deixando inúmeros trabalhos em jornais, revistas da especialidade e em livros. Traduziu ainda para português vários autores ingleses e franceses.

 

Além da “Bracara Augusta”, colaborou em outras revistas como “Quatro Ventos”,  na “Sciência Jurídica”, e ainda no “Dicionário da História de Portugal” e no “Dicionário da Literatura Portuguesa, Brasileira e Galega”.

 

Na “Bracara Augusta”, o Académico António Álvaro da Silva Dória, além de ter publicado vários artigos de índole histórica, desde os anos 50 do passado século vinte,  sempre a sua escrita se fez sentir através da secção “Gabinete de Leitura”, colaboração que apenas foi interrompida pela sua morte.

 

Mas para além das suas qualidades invulgares de trabalhador infatigável e prolífero, diz o “in Memorian” referido já, Álvaro Dória deixou àqueles que com ele mais directamente privaram um raro exemplo de integridade moral, de responsabilidade cívica e de desprendimento pessoal, de resto qualidades que lhe foram reconhecidas quando em Braga, há anos se Comemorou o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, o Presidente da Republica Portuguesa, Mário Soares, o condecorou.

 

Braga, 16 de Junho de 2008

 

                                                             LUÍS COSTA

 



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Avenida Antero de Quental

     AVENIDA ANTERO DE QUENTAL

 

Situada no nova zona habitacional do Feira Nova, com início na rua Tomás de Figueiredo, a avenida Antero de Quental, vem lembrar aos bracarenses a figura do poeta e prosador português (Antero Tarquínio de Quental), natural de Ponta Delgada, Açores,  onde nasceu em 1842 e morreu em 1891.

 

“Espírito angustiado pela dúvida metafórica e religiosa”, foi ao mesmo tempo um homem de grande acção virada para as aspirações revolucionárias e socialistas da época. Tendo tomado parte activa na famosa “Questão Coimbrã”, foi líder da sua geração literária e de movimentos políticos conectados com a doutrina socialista.

 

Intervindo na “Questão Coimbrã”, célebre polémica literária (1865), levantada pela carta-posfácio com que António Feliciano Castilho, apresentou o “Poema da Mocidade”, de Pinheiro Chagas, à qual Quental respondeu com violenta diatribe, com o título “Bom senso e bom gosto”. Dessa plêiade de literatos, alem de Antero, faziam parte, entre outros, Camilo Castello Branco, Eça de Queiroz, Teófilo Braga e Ramalho Ortigão.

 

Atacado de grave neurastenia, acabou por suicidar-se. O sinal filosófico da sua poesia, lavrada com intenso fervor, é bem o reflexo dos pungentes conflitos interiores que marcaram toda a sua vida.

 

Antero ( o Santo Antero como ficou conhecido nos meios literários ), forma, juntamente com Camões e Bocage, a trindade dos grandes sonetistas portuguesas. Foi o organizador das célebres “Conferências do Casino”, conferências democráticas apresentadas no Casino Lisbonense, cuja última sessão se realizou no dia 19 de Junho de 1871, e que em 26 do mesmo mês foram proibidas pelo governo de António José de d’Ávila, quando já estava anunciada a sexta.

 

 Intervieram nestas reuniões alguns dos intelectuais que tomaram posição na Questão Coimbrã, como Teófilo Braga, Eça de Queiroz e Oliveira Martins, do grupo figurado na famosa pintura “Os Vencidos da Vida”.

 

Da sua vasta obra literária, destaque para os principais títulos: “Odes Modernas” (1865) e “Sonetos” (1890).

 

Braga, 17 de Junho de 2008

 

                                                             LUÍS COSTA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



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Praça Alexandre Herculano

 PRAÇA  ALEXANDRE HERCULANO

 

Popularmente conhecido pelo seu antigo nome, Largo dos Penedos, largo que já figura na planta de 1594 e que no mapa de André Soares, e já está assinalado com esse topónimo, julga-se que nome lhe adveio por no local existir uma enorme pedreira, podemos dizer que é talvez, como outros espalhados pela cidade, um dos mais antigos recantos da Braga Monumental.

 

 Aquando do Centenário de Alexandre Herculano, em 1910, a Câmara de Braga, em sessão de 11 de Abril, recebeu um ofício da Comissão Promotora desse centenário convidando-a a assistir a uma sessão solene no Teatro São Geraldo comemorativa do evento ao qual se associou com entusiasmo, ao mesmo tempo que resolveu atribuir ao antigo Largo dos Penedos o nome deste consagrado autor.

 

Alexandre Herculano, historiador, romancista e poeta (Lisboa, 1810 – Val de Lobos, 1877), foi incumbido pala Academia de Ciências de Lisboa de inventariar  os arquivos do País na busca de elementos para compilar a história de Portugal, que conseguiu em parte na “Portugaliae monumenta histórica” , fonte preciosíssima de informações históricas, etnográficas e linguísticas que organizou com mestria.

 

Para consultar velhos incunábulos, pergaminhos e actas escritas em latim teve necessidade de aliar às pesquisas um erudito latinista. Em Braga, consultou o arquivo da recente biblioteca, criada por Almeida Garrett e então instalada no edifício dos Congregados, desde 1841.

 

Não foi muito feliz quanto ao Arquivo da Sé e Cabido, porquanto, sabendo os cónegos das intenções de Herculano de levar para Lisboa, para a Torre do Tombo, os documentos mais importantes, não consentiram a sua investigação salvando-se assim, se se pode dizer, ficando em Braga, os mais valiosos documentos da história de Braga e da sua arquidiocese, que hoje enriquecem o valioso espólio do Arquivo Distrital.

 

Com a recolha dos arquivos da extinta ordens religiosas em 1834, recolha efectuada pelo primeiro bibliotecário da Biblioteca de Braga, Dr. Manuel Rodrigues da Silva Abreu, muito beneficiou, Alexandre Herculano, com a consulta desses arquivos para incluir na sua monumental obra a história da Bracara Augusta.

 

De vasta erudição, de grave e solene estilo, de modelar linguagem e vernaculidade criou, dentro do espírito do romantismo, o romance histórico português.

 

Da sua vasta bibliografia, podem indicar-se “A Harpa do Crente” (1838), “Eurico, o presbítero” (1844), “História de Portugal” 4 volumes (1846, 47, 1850 e 1853), “O monge de Cister” (1848), “Lendas e Narrativas” (1851), e ainda o “Bobo” e “O Bispo Negro”.

 

A Praça Alexandre Herculano está situada ao cimo da rua dos Chãos e liga com a rua do Carvalhal, Santo André, São Vicente e é a entrada para a avenida Norton de Matos, por uma espécie de túnel, solução encontrada por uma má resolução, para compensar uma fatia de terreno que não pode ser expropriada.

Esta praça, indevidamente descaracterizada, do seu traço antigo, tinha no seu ângulo poente uma construção barroca que foi destruída para dar acesso à avenida Norton, que no seu início tem duas faixas de rodagem, e que aqui, neste sítio, foi afunilada, para uma só, para a tal entrada-túnel. Local de grande e caótico movimento, com paragem de autocarros para várias freguesias de Braga e outros destinos, torna-se em determinadas horas do dia, numa dor de cabeça para peões e transportes automóveis.

 

Em tempos existiu neste então belo e soalheiro recanto bracarense, uma boa fonte de traça barroca, com tanque e coluna central, figurada por uns tritões. Era muito parecida com a dos claustros dos Congregados. Levou sumiço e foi depois substituída por uma fontanário de ferro com duas torneiras e encimado por dois braços de ferro que sustentavam lâmpadas de iluminação pública. A água que jorrava na primitiva fonte devia vir da caixa que se encontrava no adro de São Vicente.

 

Braga, 30 de Junho de 2008 

 

                                                             LUÍS COSTA    

 



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Terça-feira, 29 de Julho de 2008
Avenida José Veiga

             AVENIDA  JOSÉ  VEIGA

 

 

            Inserida em duas freguesias de cidade – São Victor e Nogueiró – a avenida mestre José Veiga, tem início na avenida João Paulo II e termina na rua Luís António Correia. O nome deste bracarense que o escritor Fernando Pinheiro, apelidou de “O ARTISTA TRANQUILO”, no seu livro “Mestre José Veiga”, foi atribuído pela vereação da Câmara de Braga, em 11 de Julho de 2002, pretendendo assim homenagear uma personalidade que durante a sua vida consagrou a sua obra à cidade que o viu nascer, em 18 de Novembro de 1925, onde sempre viveu, vindo a morrer no dia 18 de Abril de 2002.

 

Tendo frequentado a antiga Escola Industrial e Comercial Dom Frei Bartolomeu dos Mártires, no Curso de Tecelão Debuxador, muito cedo revelou o seu talento para o desenho, numa sensibilidade artística que veio a aproveitar, dedicando-se inteiramente ao dote que a natureza o dotou.

 

Fiel a técnicas e materiais tradicionais, revelou no desenho, na caricatura, na cenografia, o seu talento. Notabilizado desde a década de 50 do passado século XX, até ao primeiro ano do actual, como decorador dos arruados das Festas Joaninas e nas das Solenidades da Semana Santa, cujos cartazes-anúncios se ficaram a dever à sua mão de inspirado mestre, José Veiga (José Ferraz Gomes Veiga), era também membro sempre presente em qualquer manifestação em que a sua arte fosse imprescindível.

 

E assim vemos, quando se pensou num cortejo histórico para assinalar os novecentos anos da consagração da Sé, o seu nome figurar, entre outras pessoas gradas da cidade, nas reuniões que tiveram lugar nas instalações dos Cursos de Cristandade, para elaboração do plano desse cortejo. A sua opinião abalizada, o seu curriculum não se podia desprezar. Pena foi que essa manifestação por falta de apoio estatal, não se tivesse realizado.

 

É que o MESTRE, sempre era ouvido para os acontecimentos em que o seu saber se tornava aconselhável, fossem eles festas, procissões, romarias ou a caracterização de figuras públicas, ou frequentadores dos cafés. A sua colaboração nos jornais diários da sua cidade nunca foi negada. Assim, as primeiras páginas dos números especiais, tinham sempre a sua assinatura : Natal, Ano Novo, Carnaval, Páscoa, São João, são exemplos notórios do seu bom gosto e observação.

 

Entre todos os seus trabalhos, e que grande impacto teve sempre na opinião pública, foi a criação do “BRAGUINHA”, que durante anos, aos domingos, nos habituamos a ver no Correio do Minho. Não sabemos, nem sequer podemos avaliar como ele conseguiu manter durante anos a fio, esta colaboração, mesmo quando de breves férias, ou os seus afazeres por outras paragens que não Braga (muitas vezes apresentou trabalhos fora da esfera da sua habitual acção), mantinha o seu espírito cáustico e mordaz, sempre actual e sempre com graça.

 

No seu trabalho sempre se empenhou por o fazer com paixão e arte. Exemplo são os postais que deixou com aspectos não só da cidade, como até dos costumes e trajos das suas gentes. Até nas encomendas que por vezes recebia, na sua arte sempre punha o amadorismo, o prazer.

O Padre e jornalista, Silva Araújo, na introdução ao catálogo dos seus desenhos à pena,”Braga, Cidade dos Arcebispos”, refere-o, como :

“Amante da Arte e da sua Terra, José Veiga é um daqueles homens que soube descobrir a tempo o seu caminho e o vem trilhando com fidelidade e persistência indefectíveis, alheio a ventos e marés. É um homem que se soube realizar e ser feliz à sua maneira”.

 

“Simples e humilde, continua Silva Araújo, sincero e bom como a sua arte, lá vai recolhendo beleza, criando personagens, endereçando, através da imagem, imagens de concórdia, de fraternidade e de paz, apelando ao bom senso e à aproximação entre os homens.”

 

Das seus trabalhos além dos cartazes, que possivelmente alguém terá coleccionado, ficaram-nos os postais desenhados à pena com aspectos da monumentalidade Braga, os usos e costumes e figuras típicas, como “O passarinheiro”, o catálogo sobre “BRAGA, Cidade dos Arcebispos”, e “Cataventos de Braga” , e das ornamentações apenas fotografias e um pequeno São João, que agora e sempre desde a sua criação tem figurado com atracção das festas joaninas.

 

Braga, 9 de Julho de 2008

 

                                                           LUÍS  COSTA                  

 



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Rua Engenheiro Custódio Vilas Boas

          RUA  CUSTÓDIO VILAS BOAS

 

                             UM EPISÓDIO DAS INVASÕES FRANCESAS

 

Março de 1809. Uma segunda invasão francesa, comandada pelo General Soult, entra em de Portugal, vencendo as serranias do Alto Douro, Trás-os-Montes e Minho, onde, pela estrada de Chaves, chega à serra Amarela, no caminho de Braga.

No planalto da Falperra, possivelmente no local onde se encontra a pequenina ermida de “Madalena, a Penitente”, encontra uma resistência constituída por algumas ordenanças mal armadas e municiadas, milícias de povo rústico armado de roçadeiras, chuços, e alguns patriotas também com rudimentares armas, burgueses e poucas gentes da nobreza.

Comandava a defesa do norte do País, o General em chefe Bernardim Freire de Andrade que tinha como seu Quartel Mestre, o capitão Custódio José Gomes de Vilas Boas, mais tarde, segundo o seu assento de óbito, tenente-coronel.

Com tão escassos meios a opor ao invasor, dotado de escolhidos e experimentados soldados, com poder de ofensiva ainda bastante forte, apesar de toda a vontade de repelir as tropas francesas, oferecendo alguma resistência, traduzido pelo desnivelado combate (dizem que no local no local da ermida de Madalena, a Penitente, escavando o terreiro, se encontram ossadas dos mortos na refrega), o General Freire de Andrade, face à desvantagem das forças que comandava, retirou para Braga, onde poderia melhor estabelecer a defesa da cidade.

Esta estratégica retirada, não foi bem vista pelo povoléu, que amotinado julgou Freire de Andrade, como jacobino e francesismo, pois tinha o labéu de ter tomado parte na famosa Legião Portuguesa, incorporada à força no exército francês, aquando da Primeira Invasão comandada por Junot.

Ora, a mancha infamante não recaiu apenas sobre Freire de Andrade. O seu Quartel Mestre, Custódio José Gomes de Vilas Boas, apanhou por tabela essa injusta desonra.

A fúria do povileu, alimentada por certo por mal querença, descarregou sobre essas duas notáveis figuras de portugueses, a sua indomável raiva. Um e outro pagaram, com a vida, o seu patriótico exemplo.

Primeiro, em 17 de Março, é assassinado Bernardim Freire. Diz o assento de óbitos de São José de São Lázaro :

“Aos dezassete dias do mês de Março de mil oitocentos e nove faleceo com todos os sac. digo faleceo porque o matarão em o Campo de Santa Ana com tiros o General em chefe Bernardim Freire seo corpo foi posto em hum Caixão e sepultado em esta Parochia de São José e athé  ao Prezente nada teve de sufrágio …”

Em consequência do avanço das tropas napoleónicas, avanço que, na região atribuíam a traição dos chefes militares portugueses, temendo pela sua segurança, Vilas Boas, refugia-se no Convento de Tibães, tendo ali sido procurado pela enraivecida, turbulenta e desorientada turba. Trazido para Braga, é assassinado, também a tiro, no Campo de Santa Ana, no dia seguinte ao da morte de Freire de Andrade, 18 do mês de Março de 1809.

Diz o autor Bernardino Amândio, na publicação “O Engenheiro Custódio José Gomes de Vilas Boas”, que :

“Apesar de ter desaparecido com Vilas Boas, o notável Engenheiro Militar e hidráulico, a figura culta e profunda que se surpreende nas obras e escritos que nos legou o Livro de Óbitos de São Lázaro apenas se limita a acrescentar a causa da sua morte, em “o dia de guerra” e o local da sua sepultura ‘na paróquia de S. José, sem nada ter por sua Alma ’.

Mas quem era o Vilas Boas e qual o interesse de o seu nome figurar numa das artérias de Braga, precisamente na zona da central de camionagem, com entrada pela avenida Norton de Matos ?

A isto responde Arnaldo Gama, ao dar-nos a sua biografia, na obra “O Sargento Mor de Vilar” :

“Custódio José Gomes de Vilas Boas, Quartel Mestre General, era oficial de engenharia, homem inteligente e de muito saber, Foi o primeiro engenheiro a quem se incumbiu a canalização do Cávado, assunto sobre que deixou escritas algumas memórias …Gozava de toda a confiança e amizade de Bernardim Freire, a quem tinha auxiliado valiosamente com o seu saber e com a sua energia na organização da defesa do rio Minho. A circunstância, porém, de já ter estado preso por ‘inconfidente’, fazia-o odioso à plebe, que desde muito o tinha na conta de jacobino e de traidor e inimigo da pátria”.

Desde longa data que os comerciantes, marítimos, agricultores e industriais do vale do Cávado (Baixo Minho e até Trás-os-Montes) vinham reclamando junto dos poderes públicos o aproveitamento da foz do rio, em Esposende, para se formar ali um porto de mar, ao mesmo tempo que achavam que seria de toda a conveniência, para desenvolvimento e escoamento dos produtos daquelas regiões que fosse encanado o rio.

Sabe-se que, pelo menos, no ano de 1795, dadas as exposições feitas pelos interessados, a Rainha Dona Maria I, “reviu e compreendeu o alarme da gente de Esposende e deve-se o primeiro estudo sério e talvez único até aos nossos dias. Por Alvará de 20 de Fevereiro de 1795, aprovou o plano de obras de canalização e navegação do rio Cávado, desde a sua foz até ao Vau do Bico, na confluência dos rios Cávado e Homem”. (1)

      No entanto só no dealbar do século XIX, é que o antigo desejo dos povos do Baixo Minho principiou a tomar verdadeiras providências para se vir a concretizar tão audacioso projecto, com a entrega da direcção, projecto e demais necessárias acções, ao Capitão de Engenharia, Custódio Vilas Boas.

Do projecto fazia parte a construção do porto para entrar na barra de Esposende e na Anceada dos Cavalos de Fão. Vilas Boas chegou a dar início as obras, mas o estado de guerra em que o País se viu envolvido, fez com que elas fossem interrompidas e jamais voltando a ser retomadas. Para isso contribuiu o desaparecimento inglório do Engenheiro Director.

Para esse empreendimento, as Câmaras directamente interessadas foram autorizadas a lançar um imposto para as “Obras do Encanamento do Cávado”, imposto que se manteve por muitos e dilatados anos, apesar de que já ter sido posta de parte a causa, ressuscitada sem êxito, por volta dos anos 30 ou 40 século XIX, prontamente rebatida pelas gentes do Porto, alegando, conforme diz uma acta da Câmara de Braga da época, que um porto de mar em Esposende, prejudicaria em muito a sua cidade, teoria que foi avante e assim morreu o projecto inicial de um porto de mar na foz do Cávado.

Portanto a Câmara de Braga ao atribuir o nome de Custódio Vilas Boas, a uma artéria da cidade, não mais fez do que homenagear uma figura minhota distinta que só pelo destino não pode contribuir para o engrandecimento e economia, não só do Minho, mas também da cidade de Braga.

Braga, 26 de Junho de 2008   

                                                     LUÍS COSTA      

 

(1)  Amândio – Bernardino – O engenheiro Custódio José Gomes de Vilas Boas, pg. 24    

 



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Segunda-feira, 28 de Julho de 2008
rua Teófilo Braga

   RUA  TEÓFILO  BRAGA

 

Situada na Urbanização da Quinta da Capela, a rua Teófilo Braga, nasce na rua das Forças Armadas e vai terminar no largo de acesso à rua Coronel Albano Rodrigues.

 

Aquando da atribuição de topónimos à urbanização da Quinta da Capela, foi escolhido entre outras figuras relevantes da história de Braga, o nome do polígrafo português Teófilo Braga (Joaquim Fernandes Teófilo Braga), que nasceu em Ponta Delgada, Açores em 1843, e que faleceu em Lisboa, em 1924.

 

Poeta, filósofo, polemista, folclorista, crítico e historiador literário, republicano, que pela sua acção influiu poderosamente na vida cultural e politica do País, entre parte do final do século XIX e até à vintena do século XX.

 

Ao levarmos hoje ao publico ledor destas crónicas sobre as ruas de Braga, e agora que se está a aproximar o primeiro centenário do advento da República Portuguesa, não podemos deixar de assinalar que após a instauração do novo regime, Teófilo Braga, foi o Presidente do primeiro Governo Provisório Republicano e que, mais tarde (1915), exerceu a magistratura suprema da Nação.

 

Teófilo Braga, também entrou na plêiade de intelectuais que em 1865 que tomou parte na diatribe provocada pela carta-posfácio em que António Fernandes Castilho, à poesia de Pinheiro Chagas, “Poema da Mocidade, ao qual Antero de Quental respondeu, “ruidoso acontecimento que deu origem, como ponto de partida para a implantação do realismo em Portugal”, - realismo “atitude prática de quem encara de frente a realidade, evitando que abstrações ou fantasias intervenham na sua conduta”, e que deu em resultado o que essa questão resposta se viesse a intitular como uma atitude de “Bom Senso e Bom Gosto”. Também incluiu o seu nome nas célebres reuniões, organizadas por Antero de Quental, as “Conferências Democráticas do Casino Lisbonense”. 

 

Membro correspondente da A. P. L., deixou, entre outras, uma vasta obra literária da qual podemos destacar como as principais, “Folhas Verdes” (1859), “Visão dos Tempos” (1864), “Tempestades Sonoras” (1864).  Poesia : “História da Poesia Popular Portuguesa” (1867), “O Cancioneiro Popular” (1867), “O Romanceiro Geral” (1867). “Contos Tradicionais do Povo Português” (1883) : folclore. “História da Literatura Portuguesa” (1870), “História do Teatro Português” (1870/1871), “As Modernas Ideias na Literatura Portuguesa” (1892), história literária.

 

 

Braga, 19 de Junho de 2008

 

                                                     LUÍS COSTA 

 



publicado por Varziano às 19:59
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Frei José Vilaça

 

RUA FREI JOSÉ VILAÇA ( Frei de José de Santo António Vilaça)

 

 

Principiando na rua Cidade do Porto e terminando na rua Padre Cruz, na freguesia de Santa Maria de Ferreiros, com prolongamento pelo sítio da Quinta dos Apóstolos, para a estrada nacional nº 103, com destino a Barcelos, pela Curva da Amarela, a rua Frei José Vilaça ( frei José de Santo António Vilaça) tem a entroncá-la as ruas do Cruzeiro, Sebastião Lopes, Júlio Diniz  e Padre Cruz, dando também acesso à chamada Cidade Satélite, a primeira urbanização sub-urbana de Braga, tudo  da freguesia de Ferreiros. De notar que na rua Frei José Vilaça, e enfrentando-a se encontra o Igreja de Santa Maria de Ferreiros, a reconstrução de um primitivo templo, mandado fazer ou reformado por Dom Diogo de Sousa, como o prova o brasão de fé deste antístete e que ainda se pode ver no que resta dessa edificação e hoje serve de capela funerária.

 

Segundo a notícia publicada no jornal bracarense “O Comércio do Minho”, a igreja de Ferreiros, depois de reconstruída, abriu ao culto em 21 de Setembro de 1919.

 

No adro da igreja e confrontando a rua de que estamos a tratar, está sob um alpendre, um crucifixo com imagem de Cristo. Este monumento esteve em tempos colocado no muro ( hoje o local é ocupado pelas instalações da Grunding ), num cruzamento da estrada do Porto com a de Barcelos, com uma passagem de nível, hoje fechada, e que ficou tragicamente assinalada pelos finais da década de vinte do passado século por um dos mais graves acidentes, quando uma composição ferroviária colheu uma caminheta com passageiros da Pousa e Martim, desastre que provocou várias mortes e feridos.  

 

Frei José de Santo Vilaça, frade beneditino, escultor e entalhador, nasceu nesta cidade de Braga, em 1732, no Terreiro de São Lázaro e morreu no Mosteiro de Tibães em 30 de Agosto de 1809. Durante os seus anos de vida monástica, deixou a sua marca de artista, não só na Casa Mãe da sua ordem, o Mosteiro de Tibães, mas também por toda a região nortenha.

 

Podemos ver obras suas em Tibães: as esculturas de São Bento, Santa Escolástica, São Martinho, a Tribuna do Mosteiro, as sanefas da igreja, o pé do órgão, o oratório do coro e a cabeça de Cristo, no crucifixo. Trabalhou no Mosteiro de Refojos de Basto, onde a sua arte está representada na Tribuna da Igreja e ainda em dois altares colaterais, e no pátio. Também neste mosteiro é risco seu a talha dos espelhos da sacristia, a obra do coro e o dormitário.

 

No Mosteiro de Pombeiro assinou o risco da Capela-Mor. Fez também obras para Santo Tirso, no mosteiro de São Bento, em dois retábulos que se admiram na nave da igreja e em Paço de Sousa, na Igreja e Mosteiro de São Salvador e vários outros Mosteiros Beneditinos. Foi chamado para muitas e distantes partes do Reino para delinear obras, dar planos e fazer riscos.

 

Deve-se a este frade entalhador o retábulo da Igreja de Santa Cruz, de Braga. É considerado  como um dos mais notáveis artistas portugueses do século XVIII.

Frei José de Santo António Vilaça, discípulo de André Soares, diz Robert C. Smith, em Colecção Estudos de Arte – Livros Horizonte, “…Cabeceiras de Basto, cuja grande igreja beneditina é toda uma homenagem a André Soares, prestada pelo seu discípulo Frei José de Santo António Vilaça”.

 

Tem sido atribuídos a este entalhador  Frei José Vilaça, e reportamo-nos à obra citada de Smith, os três retábulos do templo de Santa Maria Madalena, na Falperra:

 

“Os três retábulos deste templo e as suas grades, de 1771, de uma grande opulência de desenho e policromia muito elegante, tem sido atribuídos a Fr. José de Santo António Vilaça.”

 

Não ficou só pela sua arte de escultor, entalhador e desenho de riscos para as suas magníficas obras, que o enobreceram em pleno século do ouro. Frei José de Santo António Vilaça criou em Tibães, no Mosteiro, uma escola de escultores e entalhadores contribuindo assim para que a nobre arte de deslumbramento da talha da madeira tivesse na região bracarense, grandes nomes.

 

Braga, 26 de Abril de 2008

 

                                                                LUÍS  COSTA

 

 

 



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Padre Diamantino

             PRACETA PADRE DIAMANTINO MARTINS

 

Com entrada pela rua Andrade Corvo, a praceta Prof. Padre Diamantino Martins, pretende homenagear o professor-doutor que durante vários anos, foi docente no Instituto Superior de Filosofia Beato Miguel de Carvalho, em Braga.

 

Diamantino Martins, nasceu na Zibreira (Torres Novas), a 26 de Junho de 1910 e faleceu em Braga, no dia 17 de Fevereiro de 1979. Depois de cursar os estudos secundários no Liceu de Santarém e no Seminário de S. Martín de Trevejo (Cárceres) ingressou na Companhia de Jesus, no Noviciado de Oya (Galiza), a 23 de Setembro de 1927. De 1929 a 1934 cursou Humanidades e Filosofia, tendo terminado em Vals-le Puy (Haute Loire, França) onde obteve a licenciatura.

 

A sua ordenança sacerdotal ocorreu em Braga, a 23 de Dezembro de 1932, tendo mais tarde, em 1936, partido para a Bélgica, a fim de cursar teologia em Lovaina. Foi um dos iniciadores e primeiros docentes do nascente Instituto Superior de Filosofia de Braga onde, desde 1934 a 1936, leccionou Física, Biologia e Questões Filosóficas, sendo estes dois primeiros anos que representam a primeira fase da sua docência.

 

Professor e rigoroso na sua expressão, diz o Prof. Doutor Lúcio Craveiro da Silva, “interessando-nos a nós que fomos seus alunos pela vivesa e actualidade da sua cultura. Ele mesmo escrevia os seus apontamentos e aditamentos aos textos que nós depois policopiávamos”.

 

O seu temperamento reservado e tímido, continua a informar o falecido primeiro reitor eleito da U.M, Craveiro Silva, estava sempre pronto a atender e a orientar os seus alunos, juntamente com a sua dedicação, impressionando o rigor das suas lições e a actualidade dos seus conhecimentos.

 

Depois de concluída a sua formação religiosa e ascética, em Salamanca, seguiu para Barcelona onde fez estágio e prestou provas de doutoramento (1943) na Faculdade de Filosofia de Sarriã, com a classificação máxima de 10/10 (summa cum laude ).

 

Nesse mesmo ano foi nomeado professor de Filosofia no Instituo Superior Filosofia Beato Miguel de Carvalho, instituto que, em 1947, foi elevado a Faculdade Pontifica de Filosofia, tendo então passado a ser professor ordinário.

 

Nesta sua segunda fase de ensino, ocupada desde o restante da sua vida como padre e professor, regeu as cadeiras Psicologia Racional e Psicologia Científica e, ainda que provisoriamente, a de Criteriologia.

 

Em 1945, juntamente com outros professores, fundou a Revista Portuguesa de Filosofia, da qual chegou a ser um dos directores. Foi docente de Psicologia do Centro de Estudos Humanísticos, anexo à Universidade do Porto. Na Escola Dom Luís de Castro e Escola de Enfermagem, em Braga, deu regularmente cursos de psicologia e deontologia.

 

Participou em numerosos congressos e a outros enviou comunicações, como no Congresso Luso-Espanhol, em 1942, realizado no Porto; Primer Congresso Nacional de Filosofia, em Mendonza, Argentina; em São Paulo, no Brasil, Congresso Internacional de Filosofia e, ainda, em Portugal, interveio em congressos em Coimbra e Évora.

 

Várias revistas nacionais e estrangeiras tiveram a sua colaboração mas, a principal vamos encontrá-la na revista que ajudou a fundar – a Revista Portuguesa de Filosofia - onde assinava os seus trabalhos, por vezes, com as siglas I. K. L. e D. M.

 

Podemos avaliar do valor da sua enorme cultura consultando a sua vasta biografia, mantida entre livros publicados e artigos dispersos pelas revistas da especialidade, que ultrapassa, de longe, a centena.

 

Pelo que se vê, o Prof. Doutor Padre Diamantino Martins, foi um luzeiro que levou, bem longe, a Cultura Bracarense. Como tal, a Câmara de Braga, ao atribuir o seu nome, a uma praceta, pretendeu homenagear uma individualidade religiosa, que não sendo bracarense, muito honrou com o seu profícuo trabalho, a cidade que o acolheu.

 

Braga, 22 de Julho de 2008

 

                                                                   LUÍS  COSTA   

 

 

     

 

 



publicado por Varziano às 19:10
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