Quarta-feira, 17 de Junho de 2009
Sameiro 4
4 Sameiro . continuação do nº 3 folha 3 Depois da alegria causada em todos os portugueses especialmente os bracarense, pela imagem de mármore, confeccionada por Amatucci, principiou a desenhar-se a ideia de se mandar esculpir uma imagem e na mesma posição para ocupar o lugar na tribuna do altar mor que no alto da Montanha Sagrada se construiria. O projecto para a realização da escultura foi confiado ao Comendador e Cónego honorário Padre António Francisco Pereira de Almeida Coutinho. No entanto como já o fizemos sentir, faltavam os meios pecuniários indispensáveis à continuação de todas as obras projectadas e muito menos para a despesa da escultura da imagem da Senhora que se presumia ser uma obra invulgar. As obras do Santuário empregavam cerca de 80 operários o que avultava elevada quantia e deste modo o dinheiro aos poucos era gasto e o pequeno pecúlio ia-se exaurindo. Mas sempre confiando em que o auxílio, mais dia menos dia, haveria de surgir, sempre com fé a obra ia continuando até que o auxílio para da escultura surgiu pela mão de uma devota, Ermelinda Augusta Gonzaga Monteiro, que já tinha oferecido numerosas quantias para as obras, “mais uma vez ofereceu espontaneamente à Comissão 480 mil reis” que era o custo porque ficaria a estátua. A Comissão apresentou uma proposta ao insigne artista Soares dos Reis com a condição de respeitar o modelo do monumento, colocado em frente do templo que se estava a construir. Soares dos Reis não aceitou porque o impedia a sua própria criação artística. Perante esta recusa havia que procurar outro escultor, recaindo a escolha o romano Eugénio Maocegnali, que pôs “nesta tarefa todo o seu esforço e empenho, aliando a sua devoção sincera, aos primores da arte”. No entanto também Maocegnali não se cingiu ao modelo da estátua do monumento como ainda há pouco se poderia verificar comparando com os resto da primitiva estátua devida a Amatucci, que encontravam expostos no recinto da redacção do jornal “Ecos do Sameiro”, principalmente o busto e a cabeça que por muitos anos ali estiveram expostos e hoje estão e enriquecer o museu. Para acompanhamento do trabalho do artista romano foi então encarregado um português, residente na cidade de Roma, António Brás. Em 11 de Novembro de 1876, escrevia este Senhor para a Comissão, que estava impaciente da demora pela entrega pelo estatuário e pela conclusão da estátua, “estive hoje com o escultor e fiquei contente que ele se esmera em dar à estátua com delicadeza os últimos retoques, e confesso que cada vez me agrada mais…” Sobre a estátua informa que se trata de uma peça inteira com globo e sapata e que tudo pesa mais de 100 quilos. A altura tudo compreendido, é de 2 metros e centímetros. Deu a entender que o Santo Padre, estava maravilhado com a formosura da imagem e estava interessado em estar presente em benzê-la. Em 23 de Dezembro o Observatore Romano exarava a seguinte notícia : “Esta manhã a Santidade de Nosso Senhor recebeu em audiência o Senhor António Brás, o qual em nome da dita Comissão apresentava ao Santo Padre a belíssima estátua da Imaculada Virgem, destinada ao referido templo, e pedia a Sua Santidade que se dignasse benze-la”. Depois de demorada observação, o Santo Padre dignou-se benze-la como se pode confirmar pela inscrição que foi colocada no soco ou sopé da imagem : “O SS. PADRE PIO IX BENZEU ESTA IMAGEM NO DIA 22 DE DEZEMBRO DE 1876”. Quanto à descrição da formosa imagem, o livro que nos tem servido de guia diz : “Passamos a palavra ao ilustre Cónego Manuel Aguiar Barreiros, pois ninguém melhor que a podia fazer, apesar do seu estilo um pouco arrevesado , contrafeito e sobrecarregado com profusão de adornos : ‘A Senhora, de pé e calçada de lua, esmaga a serpente sobre o mundo em três deliciosos serafins alados, emergindo das nuvens, apresentam, a avaliar as inconfundíveis feições que os caracterizam, os principais continentes da orbe. Enverga uma túnica farta, sem demasia de pregas, de um branco amaciado, tirante o verde-mar diluído, que se arredonda levemente no colo e desce naturalmente moldado ás plantas, defendidas por sandálias, apenas. Envolve-a um manto azul concentrado, porém, luminoso, o qual enriquecido na orla por bordadura discreta de ouro, e assim a túnica surge em ondulações sucessivas, ao longo e por cima do braço esquerdo, cuja mão se verga espalmada no peito; ao passo que do lado contrário, o manto segue traçado inferiormente ao lado direito, para maior folgança da mão respectiva, no seu desenhar carinhoso de uma bem-querente e afectuosa bênção. Na cabeça um lenço branco de creme, riscado às listas mescladas de mel e apanhando à guisa de touca, oculta-lhe o pendor dos acetinados cabelos castanhos. A fronte é espaçosa e arqueada; o nariz direito e de singular correcção; os lábios delicados e expressivos: o mento breve e finamente modelado: o olhar, comovido e doce é bem reflexo do sentimento infinito que só uma intensa adoração justifica. E que mais ? Os vocábulos desmaiam; que vedado lhes está exprimir a ternura, a suavidade e a elevação desta figura sem par, de formas tão subtis e tão nobres desta pureza de donzela a quem o amor diviniza. Ah ! não pode ser outra senão a Imaculada”. Vários artistas atestam que depois de uma obra de arte sobre a Virgem não conseguiriam fazer outra igual. Após a conclusão da obra, a Comissão em repetidas cartas para Roma, insistia, estando ela pronta porque era que ela não era enviada para Braga ? Tinha sido benzida em 22 de Dezembro de 1876, porque razão é que só foi despachada para a cidade dos Arcebispos dois anos depois ? Só depois de muita insistência junto de Roma é que chegou a Marselha em 26 de Julho de 1878, finalmente só chegando a Braga, na tarde do dia 7 de Agosto. Qual a razão da demora tão longa? As “Memórias de Braga”, falam de “Mistérios e Segredos…”. Que mistérios e segredos seriam esses ? Parece que dentro da própria Comissão havia desentendimentos. Por qualquer razão obscura ninguém se pronunciava e a querela não se resolvia. Temos notícia, de dissenções dentro da própria Comissão, por causa da mudança da capela e da recepção da Senhora quando chegasse a Braga. Tudo caiu num longo silêncio, nem mais se falou numa “procissão magna” que estava para se fazer. Tinham sido feitas várias diligências para a festa da chegada da Imagem da Senhora a Braga. Havia sido feitas encomendas em Roma, de medalhas, relicários, fotografias, chegando a mandar-se para lá somas consideráveis e nunca se recebeu nada. Perguntava-se “haveria em Roma alguém interessado nos desvios desse dinheiro ?” O certo é, como acima se disse, por várias e ocultas razões a imagem só chegou a esta cidade de Braga, em Agosto de 1878. Foi transportada a bordo do vapor “Constantino”, até à barra do Porto no dia 26 de Julho, à uma hora da tarde, vindo do porto francês do Havre, para onde fora expedida de Roma. Só no dia seguinte é que começou a descarga, mas só no seguinte dia, na presença de três delegados da Comissão e de várias outras pessoas, se desfez o invólucro. Entre as várias pessoas, encontrava-se Soares dos Reis que não se cansou de lhe tecer os mais honrosos e sinceros encómios. Acrescentando, “fitando os olhos na imagem posta a descoberto : É, na verdade, um autêntico prodígio de escultura!...” Também entre os que estavam a aguardar a imagem, como João de Lemos, que teve este desabafo “Mais bela, só céu”, expressão que atrás, mal informados, atribuímos a outrem. Prepararam-se em Braga grandiosos festejos para a recepção da Virgem, grandiosos festejos que não chegaram a realizar-se por outro aprovado pelo Arcebispo Primaz que optou por outros mais simples. Ao fim da tarde um contingente de militares, acompanhados pela Banda Regimental, aguardaram na estação ferroviária a Senhora e, no local, prestaram-lhe a guarda de honra. O cortejo entrou pelo Arco da Porta nova. Seguiu por várias ruas, quase dando quase a volta à cidade e foi terminar na Igreja do Pópulo, onde permaneceria até ao dia 25 de Agosto, dia em que ficou combinado seguir até ao alto do Monte Espinho, na igreja do Bom Jesus, aguardando o dia em que seria transferida para a sua casa, no Monte do Sameiro. No entanto não se chegou a concretizar esta ideia, porquanto a igreja do Bom Jesus encontrava-se em obras de pinturas interiores e não era aconselhável receber a Imagem com a igreja em obras. Resolveram então que continuasse no Pópulo, o que foi aceite com o maior regozijo dos bracarenses que não queriam que a formosa Senhora saísse da planura de Braga. Finalmente a Capela do Sameiro estava pronta. Em 29 de Agosto de 1880, de bom ou mau agrado, viram os devotos da Senhora, no Pópulo, ser trasladada para a capela que para Ela tinha sido construída. Organizou-se um grandioso cortejo de despedida de Braga, e desde então Nossa Senhora do Sameiro, está no seu trono, abençoando alto a cidade de Braga, que tão orgulhosamente a recebeu e alojou por alguns anos. Portanto, quando da queda o destruição grande monumento que era a escultura da Virgem já a imagem esculturada em Roma, pelo artista Maocegnali, ocupava a capela em construção, digno embrião do actual templo. Como dissemos várias foram as opiniões foram o desastre e ainda hoje a questão continua sem chegar a acordo. Finalmente e para não alongar mais este já grande escrito, chegaremos ao passado século XX, quando grandes festas jubilares se realizaram, como o cinquentenário da definição do dogma e também o centenário que atraíram à Montanha Sagrada Milhares de peregrinos, esquecendo a visita do Santo Padre em 1981. Todos os anos, especialmente do domingo, o Sameiro é lugar de visita obrigatória para muitos bracarenses e não só. Mas os dias de maior afluência é nos dois dias - fins de Maio e fins de Agosto – dias das peregrinações estatuárias que mais povo ocorre a prestar devoção à Senhor do Sameiro. Também foi durante este século, que no recinto do Sameiro e no seu templo se fizeram grandes obras, como o extraordinário e monumental zimbório, a cripta, o grande escadório, a avenida que termina num grande cruzeiro e Centro Apostólico, a colocação das estátuas dos Doutores da Igreja e outros melhoramentos naquela estância religiosa. Para terminar diremos que há pouco, toda a montanha sofreu alguns melhoramentos. Braga, 9 de Junho de 2009 LUIS COSTA


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Sameiro 3
3 O templo do Sameiro – continuação do numero dois A DESTRUIÇÃO DO MONUMENTO. Confirmava-se o facto de na noite de 9 de Janeiro, pelas 10 horas da noite, tinha ecoado pela cidade, mo meio de um grande vendaval e furiosa trovoada, um enorme estrondo vindo dos lados do Sameiro. Os operários que ali por perto moravam, assustados, não foram ver do que se tinha passado. Algum noctívago que andava pela Arcada, em Braga, afirmou ter observado um grande clarão no cimo do monte. Disse-se que também se tinha sentido um certo abalo numa casa no Bom Jesus. Na manhã seguinte, deparou-se aos operários, a destruição do Monumento, todo esfrangalhada, os destroços espalhados por todo o terreiro, algumas pedras cravadas na porta do principiado templo e, caso milagroso, mo meio de toda aquela destruição, o busto, a cabeça da Senhora, incólume. Muita gente das redondezas e da cidade, logo pela manhã ocorreu ao Sameiro e logo perante os destroços todos se interrogavam :-O QUE FOI ? E aí principiaram as especulações. Os anticlericais, chamados “espíritos superiores”, atribuíam a causas do colapso a causas naturais. Em contrário, os católicos, por amor à causa, achavam que se tinha tratado dos inimigos de Deus. Mas os bracarenses não se ficaram, carpir lamentações diante dos escombros. Imediatamente se constituiu uma Comissão presidida por José F. de Almeida para arranjar fundos para a reconstrução do Monumento. A obra iniciou-se no dia 28 de Julho de 1883, sete meses após o sinistro. Depois de uma missa, e depois de discursos congratulatórios, principiaram por entre repiques de sinos e o estralejar de foguetes e o som de bandas de música, que executaram o hino de Nossa Senhora do Sameiro, os operários os trabalhos da reconstrução do Monumento. A Comissão trabalhou arduamente que o novo monumento pode ser inaugurado três anos depois, em 9 de Maio de 1886. A escultura foi feita nas oficinas Teixeira, do Campo de Santa Ana, e foi paga exclusivamente à custa do benemérito João Antunes Guimarães, No dia 5, foi conduzida, solenemente, para o alto da Montanha, tendo então sido realizada no seguinte dia 9, quando foi benzida a imagem, e cumprindo-se assim também um voto solene. Desde 1885, que grassava por toda a Europa, uma epidemia de colera-morbus, epidemia que, principalmente na vizinha Espanha, tão perto de nós, estava a causar muitas mortes. Os bracarenses aflitos, voltam-se, pedindo a sua intercessão à Sagrada Virgem, para que tal flagelo fosse afastado de Portugal. No dia 27 de Julho de 1885, a população bracarense em peso, tendo à sua frente o Venerando Pastor e todas as autoridades eclesiásticas e civis, reunidos na Igreja do Pópulo, fez a solene promessa à Santissima Virgem, ir em peregrinação ao Sameiro se “a cidade e toda a Nação ficasse isentas da peste”. E assim foi cumprido o voto. Essa imagem, várias vezes ocupando lugares diferentes, esteve durante vários colocada num pedestal, na esplanada em frente do construído templo. Julgo que hoje está colocada no cimo do monte da Falperra. Com a definição dogmática da Imaculada Conceição, diz o livro do Padre Leite, “A História do Sameiro”, a pag. 102, “tinha ficado marcada com um glorioso monumento no alto do Sameiro, pensou o Concílio Vaticano, (pouco antes convocado” e a definição dogmática da infalibilidade Pontifica com uma capela próxima desse padrão e como ele dedicado à Padroeira dos portugueses”. Aproveitando a ideia, o Padre Marinho, ele mesmo traçou a planta baixa da capela que no interior apresenta a forma da cruz romana e, no exterior, a de um octógono. Aprovado pelo Eng. Francisco António Limpo, deu-se início à obra para a qual dois lavradores da região ofereceram, gratuitamente o terreno necessário à construção do templo. “Consistirá o novo monumento por uma espaçosa capela, que se edificará (como de facto se construiu), que se edificará no Monte Sameiro… Será dedicada a capela à Santissima Virgem Imaculada na sua Conceição debaixo de cujo patrocínio foi convocado o Concílio Ecuménico e aberto no dia da sua festividade”. Segue-se depois, no caderno de encargos, a disposição dos altares. O Altar-Mor seria dedicado em honra da Imaculada Conceição, e os dois laterais em honra do Patriarca São José, patrono da Igreja Católica, e o outro ao Príncipe dos Apóstolos S. Pedro. A Comissão contava com a generosidade dos crentes para levar avante tão ousada obra, o que veio a acontecer, tendo para isso organizada uma peregrinação que partiu do Santuário do Bom Jesus, a frente da qual presidiu, em representação do Prelado da Arquidiocese, o Rvd. Abade de Soutelo, Desembargador Lúcio António da Costa, que aspergiu com água benta, benzendo o lugar que seria ocupado pelo novo templo. Se quanto à planta do templo a Comissão estava toda de acordo o mesmo não se poderá dizer quanto à escolha do local para o edificar. Entretanto tinha falecido o Padre Martinho, o único que talvez pudesse resolver a questão a contento de todos. A Comissão tinha-se dividido em dois partidos. Uns queriam que se mudasse o local da capela em construção (já tinham abertos os caboucos, para os alicerces ). alegando que no local, onde se encontrava, ficaria muito desabrigado, e não era visto pelos habitantes de Braga e tirava o esplendor ao monumento que sozinho devia dominar a imponência do Sameiro. Contra a opinião destes, opunha-se a outra facção, dizendo que o local escolhido tinha sido o ideal. Pois esse era o melhor sítio para o imponente templo e em nada tirava o esplendor ao Monumento à Virgem Maria. Vária foram e tumultuosas as reuniões da Comissão, Duraram anos, mas a obra ia seguindo o seu ritmo, Finalmente chegaram consenso e lá está à vista de Braga inteira o templo que é hoje um marco da religiosidade do povo minhoto e não só. E assim num sábado 28 de Agosto de 1880, sete anos após a bênção da pedra fundamental, foi finalmente benzida a nova capela, que no dia seguinte receberia a imagem de Nossa Senhora, esculturada em Roma. Para este acto foi encarregado pelo Prelado da Arquidiocese, o Padre José Silvério da Silva, Secretário da Comissão das Obras. No dia seguinte, 29 de Agosto, chegou a esta capela em soleníssima peregrinação, a imagem de Nossa Senhora do Sameiro, imagem cuja descrição mais à frente desenvolveremos. Grande multidão de povo acompanhou a Senhora para a sua morada, Imediatamente se notou que a pequena capela era insuficiente para albergar tão numerosos peregrinos, nem tampouco tinha dignidade para tantos fiéis que a visitariam, nem para o monumento que a enfrentava. Por estas razões, dez anos mais tarde, ao tempo do Arcebispo Dom José de Freitas Honorato, foi resolvido construir um novo templo, cuja primeira pedra foi lançada no dia da peregrinação em 31 de Agosto de 1890. E agora novas discussões se levantaram, pois nem todos concordavam com os projectos apresentados. Finalmente optou-se por um mas quando da inauguração ficou inacabado. As torres focariam para mais tarde, e estariam projectadas para acompanhar um pequeno zimbório já construído. Devido aos cataclismos políticos e religiosos que sacudiram o princípio do século XX em Portugal, a construção deste novo templo demorou a acabar-se cerca de 40 anos. Completou-se entretanto a fachada, e só em 1931 se veio a incrustar uma nova série de obras. E aqui principia de novo o desacordo. Sobre projecto do Arquitecto José Vilaça, é apresentado o desenho de um novo e altíssimo zimbório, que substituiria o primitivo mas que alguns membros achavam que não se coadunava com as torres. Escolheu-se o trabalho do arquitecto Vilaça, foi quase feito na íntegra, pois este iria “dar ao templo maior magestade e distinção”. Com base pentagonal, diz a publicação que nos serve de guia, formada por outros tantos arcos, a partir da altura do tecto vai-se adelgaçando até ao fecho da abóbada em forma circular. A Cruz que encima a esfera do topo está à altura de quarenta metros, a contar do pavimento “. A seguir, informa, o livro a que já nos referimos, imponência dos trabalhos realizados para a confecção do zimbório. Diz que só uma das vigas, que constituem o complemento da largura que não existia em duas das faces do pentágono, onde assenta o grandioso zimbório, gastaram esta quantidade monstruosa de material, índice das proporções da obra : 96 barras de ferro com o peso de sete toneladas. Cinquenta metros de cascalho pesando oitenta toneladas, vinte e cinco metros cúbicos de areia com o peso 22 toneladas e seiscentos quilos de cimento. Será possível calcular, pelo dispêndio de uma só viga, o que se teria gasto sido gasto em todo o conjunto da grandiosa obra do zimbório, que veio a ser cúpula solene , que está a cobrir o maravilhoso altar de mármore e granito polido que se nos apresenta ? Se possível façam a conta e vejam que sacrifício teria que ter feito a Confraria do Sameiro para nos proporcionar tão espectacular altar ? Quantas esmolas dos crentes na Virgem teriam sido necessárias ? … / …


publicado por Varziano às 15:31
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Sameiro 2
Sameiro-continuação das três primeiras páginas – SEGUNDO escrito Ao tomarem conhecimento de que o estatuário tinha a obra pronta, tratou-se da sua remessa para Braga. Poderosas juntas de bois se prepararam para o transporte. Quando se anunciou que o trabalho estava concluído a notícia provocou alegria sem limites em Braga. A população, que a aguardava, acudiu em delírio para os caminhos e ruas por onde devia passar para aclamarem aquela, que um bloco de mármore tinha sido cinzelado com tanta formosura reproduzida que todos diziam : TANTA BELEZA SÓ NO CÉU !... A chegada a Braga, teve lugar no dia 6 de Agosto de 1869. Pelas três horas da tarde, uma girândola de foguetes e o repique festivo dos sinos, diz o padre Fernando Leite, na obra que vimos seguindo, anunciavam a sua chegada à Roma Portuguesa. Desde a sua chegada esperavam-na à Porta Nova da Cidade, enorme grupo de bracarenses, pode dizer-se a cidade em peso aglomerou-se em todo o circuito até ao Paço Arquiepiscopal, em cujo átrio ficou exposta durante seis dias à admiração de numeroso grupo de fiéis. O som de bandas de música e o estrondo estonteante de dúzias de foguetes assinalavam o cortejo. A saída da imagem para o alto do monte foi marcada para o dia 12 de Agosto. À saída a banda do R.I. 8 tocou os acordes de despedida. Transportava-a, com dificuldade um enorme “carrão”, puxado por 15 juntas de bois, postos à disposição pelos lavradores das redondezas. Ao chegar próximo do pedestal os sinos repicaram festivamente e o foguetório anunciava a grande novidade e a graça concedida de ter chegado ao local sem outros percalços que não a dificuldade do trajecto. Todo o restante do dia foi consumido numa constante labuta de grandes esforços para colocar a formosa imagem no pedestal, cujo efeito só foi concebido já no crepúsculo, ao toque das Avé-Marias. Nessa altura a música rompeu com o Hino Pontifício e salvas de palmas e salvas de morteiros ecoaram por aquelas alturas, assinalando tão notável acontecimento. A bênção solene da estátua realizou-se no último domingo do mês de Agosto, festa do Imaculado Coração de Maria. A Solenidade tomou um carácter de magnificência e entusiasmo que perdurou pelos anos fora e é a razão de que, ainda hoje, se peregrine nesse último domingo de Agosto. Pelas seis horas dessa gloriosa manhã, organizou-se a partir do Bom Jesus. Esperou-se pela chegada do Arcebispo Primaz, Dom José Joaquim de Azevedo e Moura, para dar-se inicio à peregrinação até ao alto do Sameiro, para Sua Reverendíssima proceder à bênção da Sagrada Imagem, proceder à Santa Missa, e dar assim por terminada a festividade religiosa, não obstante que popularmente se prolongasse pelo restante dia. Na fase do pedestal onde ficou colocada a imagem, em palavras latinas tinha em cada quatro faces as inscrições, que para facilidade de compreensão daremos a tradição para vernáculo: No primeiro dizia : “No dia 8 de Dezembro de 1854, é definido o dogma da Imaculada Conceição pelo Papa Pio IX. Toda sois formosa… e em vós não há mácula. No do lado Sul: No dia 14 de Junho de 1637 ( a doutrina da Imaculada Conceição ) é afirmada com juramento pela Igreja de Braga. Protegei esta cidade. No lado Nascente : No dia 25 de Março de 1646 é jurada pelos três Estados do Reino. A nação e o reino que não se empregar ao vosso serviço, perecerá. No lado Norte : No dia 29 de Agosto de 1869 este Monumento é consagrado solenemente. Será exaltada no meio do seu povo.” Depois da bênção do Monumento segundo as prescrições do Ritual, irromperam numerosas salvas de foguetes, e de todos os lábios se fez ouvir o Hino da Imaculada, letra do Padre Martinho e música de Joaquim José Rodrigues da Silva, natural de Braga, mas na altura residente nos Arcos. Acabada a bênção, o Venerável Arcebispo entoou a Ladainha a Nossa Senhora e no fim todos os fieis acompanhados pelo Antístite dirigiram-se para o Santuário do Bom Jesus (no Sameiro ainda não havia templo) a fim de assistirem à Missa Solene celebrada pelo Arcebispo de Braga. Antes, porém, foi lido um telegrama de Sua Santidade em que concedia “com efusão do seu coração” a bênção à cidade de Braga e a toda a Nação Portuguesa, novidade por não ser habitual, encheu de júbilo todos os presentes. Este monumento durou catorze anos, pois veio a ser destruído, numa tenebrosa e tempestuosa noite de 9 de Janeiro de 1833. Várias foram as teses apresentadas tentando desvendar o mistério da destruição, mas nada de concrecto se chegou a apurar. Nomeada um Comissão para averiguar não chegaram a consenso. Entre o católico povo, corria a versão de que tinha sido obra da maçonaria, sempre pronta a atacar a ideia de um monumento comemorativo do dogma definido por Pio IX, contra quem se insurgia a impiedade da época, quase final de um século de novas ideias, ainda ressentidas da Revolução Francesa. Ataque orientado Maçonaria, como afirmava um jornal da época ao aludir estar “sempre pronta aos subterrâneos tenebrosos onde vive como toupeiras”. Outros porém afirmavam que a destruição se devia ao grande temporal e forte vendaval, acompanhado por tenebrosa trovoada, em que um raio tinha atingido o grande monumento. Havia ainda outros que atribuíam o desastre ao facto do espigão que fixava o monumento ser um ponto muito fraco para sustentar tão grande monumento e resistir aos vendavais que no local eram frequentes. Estava em construção em frente do monumento o templo, e os operários que lá trabalhavam não tinham notado qualquer anomalia, nem qualquer suspeito que por ali andasse durante todo o dia. Mas opiniões dividiam-se quanto ao desastre. Para a Comissão, uns achavam que deveria ter sido causado por uma descarga eléctrica, portanto atingido por um raio mas, contra esta sugestão, opinavam outros que se assim fosse, o que teria sido atingido, em primeiro lugar teria sido o diadema da Senhora, em bronze, e nele não havia qualquer sinal de descarga eléctrica. Quanto ao atentado maçónico, com dinamite, também esta hipótese era posta de lado, porquanto teria que haver sinais da explosão – por exemplo fragmentos queimados pela explosão e nada disso aparecia. Restava a explicação do espigão não resistido, ao violento embate da ventania mas, contra essa, respondiam os técnicos que o ferro estava intacto e já tinha resistido a outros temporais. Um dos jornais da época “O Comércio do Minho”, não tinha dúvidas em artigo publicado em 18 de Maio de l874, aludia à influência maçónica dizendo : “Observam-se escancaradas e medonhas as portas de escuros antros, onde domiciliam, e disciplinam poderes infernais. Irrompem de lá em chusma, alastrando o mundo, os aliciados de todos os matizes e os seus tripúdios hediondos celebram-se em toda a parte e calculada preferência onde resplandecer um raio de luz do Vaticano…# Cada qual defendia o se parecer e até, num folheto posto a circular em 27 de Janeiro de 1883, escrito por um devoto de São Jerónimo de Real, Narcizo José de Sá – por acaso cheio de palavras incompreensíveis e erros de ortografia, como o demonstra o título “O ASSASINATO DE N. SENHORA DA CONCEIÇÃO DO SAMEIRO” ou na apresentação do folheto: “Offerece esta pequeninha desquerepção ,,,” - , optando pelo “dilamite”, obra de explosão de descrentes, maçónicos, protestantes que por certo nem os diabo os quer no inferno, e também não acredita na teoria do raio, nem tampouco nos “efuvios”, das águas quentes das nascentes das Taipas. Para ele, foi obra de excomungados. … / …


publicado por Varziano às 15:28
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Terça-feira, 9 de Junho de 2009
O Sameiro
LUÍS COSTA A IGREJA E CONVENTO DE MONTARIOL CASA PARA RECREIO E FÉRIAS DOS ESTUDANTES DOS ESTUDOS PUBLICOS DO COLÉGIO DE SÃO PAULO A COMPANHIA DE JESUS (Jesuítas) A ALIENAÇÃO A PARTICULAR CONVENTO DA ORDEM FRANCISCANA A OCUPAÇÃO MILITAR DE NOVO CONVENTO FRANCISCANO UBATI : Universidade Bracarense do Autodidacta e da Terceira Idade - 2009 - IGREJA E CONVENTO DE MONTARIOL Num dos locais mais aprazíveis dos subúrbios da cidade, diz Albano Belino, em “Archeologia Christã”, pag. 249, o Monte Calvelo, citado no cartulário “Liber Fidei”, no ano de 1073, que com o Castro Máximo, (Monte de Castro) contíguo, dividiu no século IX o território de Braga e Dume (Doação de El-rei D. Afonso, o Casto, era de 878), os religiosos da Companhia de Jesus adquiriram por compra em 1562 uma grande área de terreno de cultura e nele fizeram construir una casa abobadada de pedra, para recreio seu e feriado dos estudantes do colégio (hoje – em 1900 – Seminário de S. Pedro e S. Paulo) que também lhes pertencia. Quando pelo decreto de 1759, emanado pelo rei Dom José, sob os auspícios do Marquês de Pombal, foram os Padres da Companhia de Jesus expulsos de Portugal e seus domínios, passaram todos os bens da Companhia para o Estado e as casas e terrenos mais tarde vendidos pelo Estado ao pai do Visconde de Montariol, passando depois do falecimento deste ao seu filho o Visconde de Negrelos. Finalmente, por dificuldades financeiras dos herdeiros, foi todo o conjunto - casa e terrenos - hipotecado ao Banco de Crédito Predial, tendo em resultado que 1890 teve que ser vendido em hasta publica. Nesta época tendo o Provincial dos Franciscanos visitado a quinta, viu nela a oportunidade de pela sua óptima situação lugar ideal para a construção de um convento da sua Ordem, tratou aconselhado por muitos bracarenses tratou da sua aquisição. A compra efectuou-se, por escritura pública efectuada em Lisboa, em 6 de Agosto de 1890. A primeira missa que os religiosos franciscanos realizaram no seu novo convento teve lugar no dia 16 do mesmo e ano, diz Albano Belino no seu livro “Archeologia Christã”, e informa ainda que no dia 18 do mesmo mês, foi um virtuoso velhinho frei Joaquim da Apresentação, seu primeiro Superior que faleceu no dia 20 de Setembro de 1899. Logo no ano seguinte à compra, em 5 de Maio, começaram os Franciscanos a construir um grandioso templo e, às onze horas da manhã do dia 27 de Setembro, foi benzida a primeira pedra pelo Arcebispo Senhor Dom José de Freitas Honorato, acolitado pelos cónegos Francisco José Ribeiro de Vieira Brito, mais tarde Bispo de Angra do Heroísmo, e Moreira Guimarães, então Arcipreste de Braga. Acompanharam ainda nesta cerimónia o desembargador João Nepomuceno , estando a cargo de mestre de cerimónias, o rever. João Vicente da Costa e Cunha, Abade da Sé. Assistiu ainda a este acto, como representante da autoridade civil, o conselheiro Jerónimo da Cunha Pimentel. Com se pode calcular foi uma data festiva que ficou gravada nos anais da história religiosa de Braga – a criação na cidade de uma Ordem religiosa de grande prestígio. Nessa altura, diz Belino, apenas ficaram por fazer as duas torres, fachada do primitivo templo. Segundo o “Diário do Minho”, do passado dia 24 de Maio, o novo templo dedicado a São Boaventura de Montariol, foi construído em 8 de Dezembro de 1808. Segundo informação que não nos foi possível confirmar o mestre construtor foi o pai de uma ilustre figura politica bracarense do princípio do século XX. Segundo este mesmo autor, o morgado de Montariol foi instituído em 1243, pelo mais tarde ( l256/1271) arcebispo de Braga, Dom Martinho Geraldes que se julga ser natural de Semelhe. Quando na instalação do regime da República, logo a seguir a l9l0, foram os Franciscanos espoliados das suas instalações ficando, praticamente, o convento e igreja abandonados Vistas sobre a cidade A compra efectuou-se, por escritura pública efectuada em Lisboa, em 6 de Agosto de 1890. A primeira missa que os religiosos franciscanos realizaram no seu novo convento teve lugar no dia 16 do mesmo e ano, diz Albano Belino no seu livro “Archeologia Christã”, e informa ainda que no dia 18 do mesmo mês, foi um virtuoso velhinho frei Joaquim da Apresentação, seu primeiro Superior que faleceu no dia 20 de Setembro de 1899. Logo no ano seguinte à compra, em 5 de Maio, começaram os Franciscanos a construir um grandioso templo e, às onze horas da manhã do dia 27 de Setembro, foi benzida a primeira pedra pelo Arcebispo Senhor Dom José de Freitas Honorato, acolitado pelos cónegos Francisco José Ribeiro de Vieira Brito, mais tarde Bispo de Angra do Heroísmo, e Moreira Guimarães, então Arcipreste de Braga. Acompanharam ainda nesta cerimónia o desembargador João Nepomuceno, estando a cargo de mestre de cerimónias, o rever. João Vicente da Costa e Cunha, Abade da Sé. Assistiu ainda a este acto, como representante da autoridade civil, o conselheiro Jerónimo da Cunha Pimentel. Com se pode calcular foi uma data festiva que ficou gravada nos anais da história religiosa de Braga – a criação na cidade de uma Ordem religiosa de grande prestígio. Nessa altura, diz Belino, apenas ficaram por fazer as duas torres, fachada do primitivo templo. Segundo este mesmo autor, o morgado de Montariol foi instituído em 1243, pelo mais tarde ( l256/1271) arcebispo de Braga, Dom Martinho Geraldes que se julga ser natural de Semelhe. Quando na instalação do nove regime da República, logo a seguir a l9l0, foram de novo os Jesuítas, e para isso valeram-se então as novas autoridades do velho decreto da expulsão de 1759, e de novo teve a Companhia de Jesus, de abandonar o Portugal, refugiando-se, a mor parte deles na vizinha Espanha, como por exemplo na região de Vigo, O nome de Montariol, diz Albano Belino, deve derivar, certamente, do nome de Areal lugar que fica nas fraldas do monte, onde está o Colégio das Missões Franciscanas, e é tão antigo que assim o vemos denominado numa escritura datada da era de 1111 ( ano de 1073), inserida no cartulário LIBER FIDEI. A mesma opinião, quanto à antiguidade do nome de Montariol, já o padre Contador de Argote, que se dedicou a estudar e tratar a história bracarense, no último quartel do século XVII, afirma na História Eclesiástica “… que chamam de Montariol, e se dá este nome ao tal sítio há mais de duzentos anos”. No entanto há quem afirma que ARIOL, deriva do nome de um pressor germânico, que por aqueles bandas estagiou. A dúvida persiste e não somos nós que temos categoria para a desfazer. A actual fachada da igreja, voltada para ocidente, bastante simples, é composta por dois elementos, um central e um lateral (lado norte) um pouco recuado em relação ao central. A porta de entrada para o templo, avançada em relação a fachada, é gradeada, e rematada por um arco, assente em ombreiras, terminando em arco sobre duas espécies de capiteis que estão sobre as ombreiras. Um pouco acima deste conjunto, e entre um plano liso, uma outra platibanda faz paralelo com a primeira. Nesta podemos ver, em cada lado um fogaréu ou urna que ladeiam um janelão em arco duplo que ilumina o interior do templo. Ladeiam este conjunto, nas partes mais recuadas da fachada principal e, em cada lado um janelão, um pouco mais pequenos, mas idênticos, ou quase ao central. Sob cada janelão um remate ao centro que termina numa esfera. Encimando o janelão central, estão colocadas as armas da Ordem de São Francisco, que Vaz Osório da Nóbrega no seu estudo “Pedras de Armas e Armas Tumulares do Distrito de Braga” dá a indicação da sua colocação no ano de 1900. . . . / . . .


publicado por Varziano às 12:44
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