Domingo, 19 de Outubro de 2008
A capela e recolhimento das Convertidas
Luís Costa CAPELA E RECOLHIMENTO DAS CONVERTIDAS (Capela de São Gonçalo) Reedificado pelo Arcebispo Dom Rodrigo de Moura Telles Inaugurado em 25 de Abril de 1722 Tomando nome de Recolhimento de Santa Maria Madalena (Convertidas) Aproveitamento da capela de São Bartolomeu Mandada edificar em 1500 pelo Arcebispo Dom Jorge da Costa UBATI – Universidade Bracarense do Autodidacta e da Terceira Idade 2008 CAPELA E RECOLHIMENTO DAS CONVERTIDAS O arcebispo de Braga, Dom Jorge da Costa (1486/1501), fundou à hoje esquina da rua de São Gonçalo, com entrada pela Avenida Central (Alameda de Santa Ana), sob a invocação de São Bartolomeu, uma ermida e sobre a porta colocou o seu brasão de fé com estes dizeres: “O Primaz das Hespanhas D. Jorge da Costa, Arcebispo e Senhor de Braga, mandou fazer esta igreja no ano de 1500”. No entanto parece que o arcebispo teve como co-fundador Tomé da Corda, que veio para Braga em 1448, na companhia do arcebispo Dom Jorge, que onde viveu no Campo de Santa Ana, e que foi escudeiro-fidalgo (alvará de 26 de Julho de 1532), tabelião em Braga, por desistência de Álvaro Ribeiro. Foi vereador da Câmara, vários anos, entre 1511 e 1522, escrivão secular em 1530. E esta suposição baseia-se no facto de ao lado da pedra de armas de fé do arcebispo, a roda de navalhas que martirizou Santa Catarina, ter estado colocada a pedra de armas deste escudeiro-fidalgo – uma corda enrolada em voluta. Demolida a capela de São Bartolomeu, em 1720, para dar lugar ao Recolhimento das Convertidas e Capela de São Gonçalo, foram estas pedras de armas entregues a Duarte Mendes de Vasconcelos, senhor da Casa das Carvalheiras, 5º neto de Tomé da Corda e, segundo a tradição, 6º neto de Dom Jorge da Costa, o Cardeal de Alpedrinha que as mandou colocar encimando a porta do quintal da referida Casa das Carvalheiras, na antiga rua Verde (actual parte superior da rua Dom Frei Caetano Brandão), as quais foram transferidas, em 1946, para a frontaria da mesma casa, no Largo das Carvalheiras, então pertencente ao Dr. Jerónimo da Cunha Pimentel. Hoje é propriedade de uma cooperativa. O R E C O L H I M E N T O Para fundar o recolhimento o arcebispo Dom Rodrigo de Moura Telles, em 1720, comprou umas casas contíguas à antiga capela de São Gonçalo, diz Monsenhor Ferreira nos “Fastos”, as quais “mandou demolir juntamente com a capela, e neste sítio fundou o Recolhimento ou Conservatório de Santa Maria Madalena e São Gonçalo, para dar abrigo às “mulheres convertidas a Deus por livre vontade, arrependidas do coração e de seus erros”. Passaram então as mulheres que para ali foram viver a ser conhecidas por Convertidas, porque da vida licenciosa se convertiam a melhor vida. Vestiam o hábito de São Francisco e o arcebispo “consignou-lhes a dotação nas rendas da Mesa Arcebispal destinadas aos pobres, a quantia de 224$340 reis anuais em dinheiro, e nas rendas do Celeiro do Micho”, tendo tudo isto sido confirmado, em 14 de Agosto de 1720, por Breve do Papa Clemente XI. Toda a obra correu por conta do arcebispo, durante os dois anos que ela durou, sendo o Recolhimento inaugurado em 25 de Abril de 1722. Tratou de estabelecer estatutos bem ordenados, nos quais era determinado que sempre as Recolhidas, em número de doze, estivessem ocupadas no Coro em exercícios de piedade e na casa de lavor, trabalhando, recolhidas que recebiam, cada uma, diariamente 20 reis e meio alqueire de pão por semana. A importância dispendida pelo arcebispo foi sete mil cruzados e ainda lhes deixou em testamento 600$000 reis. Para maior aumento do espaço para a construção, o arcebispo em 8 de Julho de 1720, expediu um decreto à Câmara Municipal e por ele concedeu licença para tomar o terreno público necessário, afim de alinhar o edifício, de acordo com a planta feita. Também acordou com o Conde Carcavelos em ceder-lhe três penas de água, certamente da que corria desde a caixa de água do adro da igreja de SãoVicente, pela compensação para alargamento da rua que vinha do Campo do Novo, obra de Dom Rodrigo, da ocupação de uma faixa de terreno junto à sua casa, no gaveto da hoje rua de São Gonçalo, com a Alameda de Santa Ana. Este prédio está hoje ocupado pelo Externato Paulo VI, nada tendo a ver com o nosso conhecido Palacete de Carcavelos. A porta de entrada para o Recolhimento fazia-se pela Alameda de Santa Ana (e ainda se faz apesar de estar de vago e encerrado por ordem do Governo Civil de Braga). Depois de ultrapassado uns degraus, depara-se com a indispensável roda, que servia para ali serem depositados os donativos e bens com que a população tentava ajudar as recolhidas. Seria também alguma vez lugar onde cairia um exposto ? Qual seria a surpresa da rodeira, depois de ouvir a sineta de aviso que algo se encontrava na roda, ao deparar dentro dela uma criança ? Depois do decreto da extinção das ordens religiosas, deixaram as convertidas de usar o hábito de São Francisco e mesmo, mais tarde, o Recolhimento, como todos os seus bens, passaram para a posse do Estado pelo decreto de Abril de 1911. A capela e recolhimento, estavam sob a jurisdição da paróquia de São Vitor, por estar dentro do espaço desta freguesia, que é assinalado desde uma linha recta que partindo do gaveto da rua do Sardoal com a rua de Guadalupe, vai entroncar no cunhal do recolhimento e segue, pelo meio da Avenida Central, em direcção à Senhora-a-Branca. Com tal fez parte, quando da lei de separação, do arrolamento feito a favor do Estado de todos os bens da paróquia, como de resto a igreja de São Vicente, então ainda integrada na freguesia. Curiosamente não consta deste arrolamento a Capela da Senhora-a-Branca. Instituição pobre, vivendo praticamente de donativos e esmolas, não é este arrolamento na parte, podemos dizer conventual, rico. A maior valia encontra-se na descrição do prédio, com pátio, jardim ou quintão com algumas árvores de fruto. Tapetes, reposteiros e um outro armário, tudo velho, meia dúzia de cadeiras, mesas, bancos, jarras e ramos naturais (!...) caíram na alçada do Estado. Apenas há uma ou duas referências a alguma coisa de valor, como por exemplo na verba nº 25 :Um santuário de valor histórico e artístico contendo um Cristo e três imagens , tendo uma destas a cabeça partida. . . . / . . .


publicado por Varziano às 11:33
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