Sábado, 19 de Dezembro de 2009
Bom Jesus 5
Caderno 5 –Bom Jesus (1 do c.5) Dom Gaspar de Bragança, no princípio de 1773, a pedido da Mesa do Bom Jesus, pediu a sua protecção, para junto do Papa Clemente XIV, conseguir fossem concedidas graças espirituais, com que a igreja costuma beneficiar os romeiros que visitavam os lugares que a piedade cristã tinham consagrado. A intervenção de Dom Gaspar foi tão bem aceite na Cúria Romana, que no dia 20 desse mesmo ano, o Papa expedia três Breves, concedendo aos peregrinos e romeiros do Bom Jesus um Jubileu, com graças e privilégios, comparáveis aos de S. Tiago de Compostela e aos dos lugares Santos de Jerusalém. O ESCADÓRIO DOS CINCO SENTIDOS Como no anterior caderno dissemos, as estátuas do Escadório dos Cinco Sentidos foram devidas ao gesto dos Padres Jesuítas. Eles mesmo é que escolheram o figurado, símbolos e dísticos. Foram buscar à Bíblia e à Mitologia os exemplos, numa promiscuidade que a Mesa Censória, em Edital de 22 de Abril de 1774, julgou indecorosíssima e indecentíssima. Disto resultou, serem caçados os Breves com as grandes indulgências concedidas pelo Papa Clemente XIV, visto terem considerado que essas indulgências como obtidas ob-repetício e como tal proibida sob pesadas sanções. Estes breves tinham sido concedidos graças à acção do arcebispo Dom Gaspar de Bragança e com o auxílio dos banqueiros de letras romanas António da Silva Teixeira e Boaventura Miguel Aranha, o primeiro residia em Roma e o segundo em Braga. Contribuiu esta medida para que de novo a devoção e afluência de romeiros quase desaparecesse e, com a consequente dádiva de esmolas. Para dar satisfação à Mesa Censória, foram mudados os nomes das imagens e os dísticos que tinham sido aproveitados da Mitologia. Assim Argos passou a chamar-se Vir Prudens; Orfeu – Iditihum: Jacinto – Vir Sapiens: Ganimedes – Joseph, e Midas – Salomão. Os letreiros foram também substituídos. Dom Gaspar não desanimou e esperou altura oportuna para de novo pedir as indulgências que atrairiam de novo ao Bom Jesus os romeiros. Morto Dom José sucedeu-lhe Dona Maria 1ª, que afastou o Marquês, um dos maiores opositores ao sucesso do Bom Jesus. Também tinha morrido o Papa Clemente XIV, sucedendo-lhe no Pálio Pontifício Pio VI. Este Papa concedeu novos breves com tantas ou mais indulgências que os caçados. Festas ruidosas se fizeram por toda a cidade, e anunciou-se a boa nova por todo o País. De todo o lado ocorreram de novo os romeiros e o Santuário entra em nova fase de esplendor. Subindo este escadório que nos leva a um pátio tem no seu inicio duas serpentes enroscadas, uma a cada lado, que jorram das bocas água que é recolhida nas taças. Este pátio tem a ornamentá-lo, ao centro a primeira fonte entestando uma taça em granito denominada como a das: CINCO CHAGAS (2 do c. 5 ) Esta fonte é posterior ao primitivo projecto, tendo esta sido substituída por uma que é talvez, homenagem aos restaurador do templo, Dom Rodrigo de Moura Telles, pois apresenta o seu escudo heráldico, o seu brasão de Fé, ornamentado. Segundo o manuscrito a que já fizemos referência “ Existia antigamente uma fonte de sete castelos (as armas de fé de Dom Rodrigo) chapéu e cordões feita por Dom Rodrigo, com as suas armas deitando água por sete bicas com as letras seguintes: Rodrigo, arcebispo Primaz Espanha, em ano de 1723”). De uma cruz de pedra, embutida ou colocada sobre o brasão, de cinco aberturas, simbolizando as cinco chagas do Senhor, uma torrente de água é recolhida numa concha. Na parte superior do escudo ornamentado, vêem-se os instrumentos utilizados na Paixão. A inscrição que se pode ler diz: “O infame ódio abriu estas purpúreas fontes; aqui agora as converte em cristais”. Ao lado nasce o primeiro lanço do escadório, em cujo pátio esta a fonte da V I S T A Nesta fonte está representado, em meia figura deitando pelos olhos duas correntes de água, é o sentido da vista, tendo por cima o Sol, e por baixo, no pé da taça uma águia alusiva a êste sentido. Primitivamente por cima da fonte tinha a figura do Pastor Argus, com os seus cem olhos, com estes versos dentro da tarja em que o plinto assentava tinha estes dizeres: “Está sobre a iminência deste monte o mais vigilante Argus; serás feliz se ele te tiver diante dos seus olhos”. Diz a fábula que o Pastor Argus, tinha cem olhos, cinquenta dos quais descansavam enquanto os outros velavam. Pelas razões apontadas anteriormente, foi esta uma das estátuas que foi substituída, dando lugar às figura de um varão prudente, dormindo tendo na mão um cajado. Na tarja do pedestal, os dizeres: “Varão prudente. Toma-as por um sonho, e vigiarás”.Eccles.C. 13 Do um lado do que sustenta o escadório esta a estátua de Moisés, com uma serpente de metal enlaçada numa vara e na tarja os dizeres: “Moisés. Os que, estando feridos, olhavam para ela, saravam”Num 21,19. Do outro lado está estátua de Jeremias com uma vara cheia de olhos, e a tarja diz: “Eu vejo uma vara vigilante”Jer. 1 Ao centro está a FONTE DO OUVIR Num nicho vê-se em pedra lavrada em relevo uma figura, lançando água pelos ouvidos. Na base da taça que recolhe a água, uma cabeça de touro alusiva à sensação auditiva. No cimo está a estátua de um mancebo, tocando uma cítara e a tarja revela os dizeres: “Que cantavam ao som da citara, presidindo aos que cantavam e louvavam ao Senhor”I paral.25,3 (3 do c.5) Como algumas das anteriores também esta estátua, sofreu modificação, mas apenas nos dizeres que eram: “Este Orfeu, que nos ouvidos nos enleva, QUE MEIGO ASSIM AS DORES SERENA Tem por lira uma cruz, tem fundas chagas, EM VEZ DO CANTO, E A DOR DA PENA” A um dos lados e no patim, está sobre o paredão a estátua de David, tocando uma harpa. O letreiro diz: “Ao meu ouvido darás gozo e alegria”Psalm.50 Do outro lado, Sul, vê-se uma estátua feminina que representa a Esposa dos Cantares, tocando uma citara e na tarja a letra: “Soe a tua voz dentro dos meus ouvidos”Cant. 2 Segue-se a: A FONTE DO OLFACTO Nela se nota, numa meia figura de pedra, com uma caixa na mão e as lamparina na outra, deitando água pelos buracos do nariz. De cada lado desta figura está um cão e por remate uma estátua profana com uma odorífera flor cuja figura simboliza a Jesus Cristo. Como se tratava de uma estátua profana caiu na alçada do decreto e em consequência teve de mudar pelo menos a inscrição lapidar que passou a ostentar a frase: “Varão sábio. Dai viçosas flores como o lírio e rescendei suave cheiro”.Eccl.39,19 Apenas foi substituída a legenda que dizia: “Rubicudo Jacinto ainda mostra O Sangue seu, lá no horto derramado; Inda, pendendo e murcho, aqui se ostenta Das preciosas gotas orvalhado” Corresponde a Norte desta fonte a estátua de Noé, com as vestes sacerdotais com um turbante na cabeça e sustentando numa mão um cordeiro junto a um altar aceso. Na inscrição lê-se: “ O que foi agradável ao Senhor., como um suave cheiro”. Genes 8 Do outro lado sobre um plinto a estátua de Sunnamites, amarrada a uma palmeira, sobre a legenda: “A tua estatura é semelhante a uma palmeira e o cheiro da tua boca como o dos pomos”Cant. Cantic. Cap.7, Abisag era o seu nome. Chamou-se Sunnamites de sua pátria Sunam, cidade de tribu de Issacar. No quarto patamar vamos encontra outra fonte. Trata-se da (4 do c.5) FONTE DO PALADAR Esta fonte que alegoriza o quarto sentido com uma meia figura com um pomo na mão e deitando pelo boca golfadas de água numa taça e aos seus lados estão dois bógios ou macacos com uma maçã na mão em alusão ao sentido desta fonte por nestes animais ser muito maravilhosa a vivência do paladar. No pé vê-se também um macaco. Por cima da fonte “está colocada a estátua de Ganimedes, que depois, dadas as circunstâncias do decreto dos breves pontifícios passou a ser de José. Ganimedes simbolizava a um jóvem formoso que fora, diz a fábula, arrebatando do Monte Ida por Júpiter para servir nos Céus à mesa dos Deuses, e tinha por inscrição: “Cuidoso Ganimedes nos derrama /Néctar celestial, e doce ambrosia; Em taças nos oferece o próprio sangue / Dá-nos a carne sua iguaria” Substituída então, como se diz acima, por José do Egipto tem numa das mãos“uma bandeja de frutos e um cálice – símbolo do seu ministério na corte do Faraó - ” tendo a inscrição na cartela: “A tua terra seja cheia das bênçãos do Senhor. E dos frutos do Céu, e do orvalho” Deuter.33, 15 Corresponde-lhe a Norte a estátua de Jonatas, um mancebo, que segura com a mão direita uma lança, na ponta um favo de mel, e junto de si uma colmeia. Os dizeres da tarja referem: “Tomei um pouco de mel na ponta de uma vara, comi dele, por isso morro!...”I Reg. C. 14 Do lado Sul, desta alegoria, está a estátua, estava a estátua de Edras, com um cálice na mão e em cima dele uma caveira. A caveira foi substituída por um pão e sobre ele a mão direita. A inscrição reza: “Toma o pão, e não o abandones, como o pastor no meio dos lobos”Esdr. 4 C.5 …/… continua no caderno nº 6


publicado por Varziano às 19:48
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