Domingo, 20 de Dezembro de 2009
Bom Jesus 1
LUÍS COSTA B O M J E S U S BRAGA Situação Possível Origem da Devoção A Primitiva Ermida A reconstrução de Dom João da Guarda A nomeação do Primeiro Ermitão A Confraria e o Primeiro Santuário O restauro do Arcebispo Dom Rodrigo O Pórtico, as Capelas e o Escadório A Obra do Arcebispo Dom Gaspar O Elevador UBATI – Universidade Bracarense do Autodidacta da Terceira Idade 2009 O BOM JESUS DO MONTE BRAGA Um pouco da sua história, especialmente escrita para os alunos da UBATI Nestas tardes de verão, não escaldante como em anos passados, sentados numa das esplanada da Arcada da Lapa, folheando o livro do dr. Aberto Feio, “Bom Jesus do Monte”, podemos deliciarmo-nos e com prazer apreciar, em minúcia, a bela jóia que está encastoada na montanha a Leste da cidade de Braga. Não, podendo comparar, por falta de jeito e sabedoria, este meu modesto trabalho ao do acima citado autor que foi ilustre investigador das coisas de Braga, e Director da Biblioteca Pública Bracarense, vou principiar com o primeiro parágrafo com que inicia a sua descrição do Bom Jesus do Monte: “No abraço de montanhas, que cinge a cidade de Braga, pela banda de leste se levanta uma – multi-secularmente chamada Monte Espinho – em cuja encosta ocidental se ergue o Bom Jesus, Santuário de milagres e milagre da natureza, estância das mais belas de Portugal.” Não sei se lhe foi atribuído o galardão da “uma da maravilhas de Portugal” mas se não o foi, em minha opinião secundada por certo por todos os bracarenses e aqueles, nacionais ou estrangeiros, que tem a dita de conhecer um dos mais extraordinários conjuntos arquitectónicos, ex-libris da cidade, acham que lhe era devido. Mas deixemos, como diz o adágio, “não vale a pena chorar em leite derramado” na certeza de que a atribuição do galardão, é já hoje uma certeza no conceito de todos e principiaremos por aquele que é o propósito das crónicas que se vão seguir e que foram prometidas no período escolar anterior. Como quase todas as grandes devoções, a do Bom Jesus do Monte, deve ter principiado por uma singela cruz plantada, como diz Aberto Feio, por uma devota mão num plaino daquela montanha, no dealbar do cristianismo, não caso único em Braga, onde a colocação de uma singular cruz dá origem a uma grande devoção, como por exemplo, a do Sameiro. Possivelmente um popular asceta, cristianizado pelo Apóstolo Santiago, quando das suas pregações de divulgação da fé cristã, pela Península talvez tivesse sido influenciado pelo exemplo apontado de São João, que se isolou no deserto, escolhendo o alto daquele monte e, escavando uma gruta, ali se isolou do mundo, tendo por certo elevado no local a singela cruz, que mais tarde aquando do domínio visigótico a devoção da religião de Cristo, a ela convertidos graças à acção do bispo São Martinho de Dume, fez levantar uma ermida, destruída talvez pelo século oitavo pelos mudéjares, quando da sua invasão da Península. Tudo isto são conjecturas, pois nenhum testemunho há efectivamente que o comprove, só a lenda que abaixo cito é que nos dá uma resposta um tanto ou quando duvidosa. Após a reconquista, iniciada por Pelágio, da Península Ibérica, da terra ocupada pelos desde o século oitavo pelos sarracenos, e possivelmente após o restauro de Braga, levado a efeito pelo Bispo dom Pedro, deve de novo ter continuado a devoção no local da velha ermida ou Vera Cruz, onde, segundo Alberto Feio, “conta a lenda, que um singela cruz, arvorada por mão de desconhecido crente no alto do Monte Espinho, dera nascimento à devoção, que em longo giro de séculos, preparou e ergueu o grandioso Santuário do Bom Jesus do Monte”. No entanto Alberto Feio, acha que na primeira metade do século XVI devia “uma cruz soía de estar acima do chan do monte, na meia encosta ocidental, lugar que a piedade aproveitaria, centenas de anos atrás” para edificar uma ermida dedicada à Vera Cruz. Para confirmar esta sua opinião lembra que em 1549, era já considerada como muito antiga a ponte de Santa Cruz, sobre o rio Este, revelando, portanto, que por aquele caminho se chegava ao lugar de uma devoção, que deu o nome a esta ponte, que hoje quase nem a reconhecemos, mas está lá alargada, e podemos ver ao iniciar a caminhada para o Monte. Não há dúvida que pelo menos nos começos do século XIV, existia já naquele monte uma ermida dedicada à Santa Cruz, e isso está comprovado pelos estatutos da irmandade da Trindade de Braga, datados de 1373, “onde uma ordinachô determina que os confrades, por exaltamento da Santa Vera Cruz de Jesu Cristo, vão á ermida de Santa Cruz, por dia de São João (evangelista) do mês de Maio” levando tochas e doze círios, assistir a uma missa oficiada. E ainda para confirmar a sua antiguidade, quando da aprovação dos mesmos estatutos, em 1378, era referido que os confrades fariam aquelas obrigações “como as fizeram os seus padres e outros seus devidos e linhagens passava de trinta e cinco anos e chegava a quarenta bons e mais.” Esta referência atira-nos a devoção da primitiva ermida para uma idade muito antiga. No primeiro terço do século XV, estava a ermida de Santa Cruz anexada à igreja paroquial de Tenões, porque se situava dentro dos aros jurisdicionais daquela freguesia. Em 1430, o Arcebispo Dom Fernando da Guerra, anexou várias igrejas da região a Tenões, e como tal passou esta freguesia a ser um apetecido benefício eclesiástico, pois além dos benefícios das igrejas anexadas, tinha ainda o rendimento da Ermida de Santa Cruz. (Continua no seguimento do caderno e agora com o nº 2)


publicado por Varziano às 11:48
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