Sábado, 4 de Outubro de 2008
IGREJA E CONVENTO DO PÓPULO
Luís Costa A IGREJA E O CONVENTO DO PÓPULO Mandados construir pelo Arcebispo Dom Agostinho de Jesus (Castro) Sob risco provável de Manuel Luís (mestre pedreiro quinhentista) Fundados em 3 de Junho de 1596 (data da colocação da pedra fundamental) Concluídos em Cerca de 1621 UBATI – UNIVERSIDADE BRACARENSE DO AUTODIDACTA E DA TERCEIRA IDADE 2008 A IGREJA E O CONVENTO DO PÓPULO Baseando-nos em Senna Freitas, em “Memórias de Braga”, Tomo V, pag. 154, vamos referir, o que este memorialista nos diz sobre a fundação da Igreja e Convento do Pópulo. Principia por afirmar que o Arcebispo Dom Frei Agostinho de Jesus ( de nome patrício de Castro ), após a sua tomada de posse da cadeira arcebispal, quis fundar na Sé, uma capela que se destinaria a seu jazigo, mas não querendo seguir por si só a deliberação, propôs ao Cabido os seus desejos. No entanto o Cabido não só recusou tal ideia, como até se esforçou em dissuadir o prelado de tal pretensão. Até certo ponto Dom Agostinho achou-se um pouco ofendido com tal obstrução do Cabido. Tomou uma decisão: concebeu logo a necessidade de fazer o jazigo para os seus restos mortais, fora da Sé. Monsenhor Ferreira, nos “FASTOS”, III Tomo, dá-nos a impressão de que as relações entre o Arcebispo e o Cabido, não eram lá muito cordiais, e, talvez, tenha sido essa a recusa da capela pedida pelo prelado. Como tal, D. Agostinho de Jesus, toma a deliberação de fundar um Convento da sua Ordem Agostiniana, e para isso aproveitando o Campo da Vinha, que então ainda era chamado Campo da Vinha de Santa Eufémia, que estava quase que abandonado, sem cultura e sem destino e num dos seus lados levar avante o seu intuito. Para isso comprou, no ano de 1695, a António da Fonseca, duas moradas com seus quintais, no citado Campo. Sendo uma delas propriedade ou foreira ao Cabido e a outra do Hospital de São Marcos. No dia 23 de Dezembro desse mesmo ano, fez o arcebispo doação das referidas propriedades aos seus religiosos, mediante certas condições como obrigados a rezar duas missas quotidianas e, os religiosos teriam de acompanhar as procissões que o Cabido fazia, com excepção daquelas realizadas dentro da Sé. Não só a possível desavença com o Cabido contribuíram para a fundação da Igreja e Convento. Dom Agostinho, conta na Provisão da união da Igreja de Semelhe ( o conhecido castelo de Semelhe, casa senhorial, foi uma das casas de repouso dos Monges Agostinianos ) e ainda na de S. Paio de Pousada ao referido Convento que “tratara da erecção e instituição desta Casa monástica da sua Ordem, porque tinha observado durante as Visitas pastorais a grande falta de Pregadores no Arcebispado, e isto por não haver em Braga Escolas de Teologia dogmática, que só existiam nas duas Universidades de Coimbra e Évora…”.(FASTOS, Mons. Ferreira) Achava mais que os padres apenas sabiam Latim e Casos de consciência, não tendo, pois, as habilitações para exercerem, cabalmente, o seu múnus. A IGREJA E O CONVENTO Nestes propósitos, começou o Arcebispo a majestosa obra, tendo lançado a primeira pedra, a pedra fundamental, no dia 3 de Junho de 1596, dedicando a igreja a Nossa Senhora do Pópulo. Assim, destinou, a igreja, para seu jazigo, onde está colocado, num arco sólio, o mausoléu do fundador e, em frente, outro igual encerra, numa urna, o corpo incorrupto do Arcebispo D. Fr. Aleixo de Meneses que se lhe seguiu, também filho da Religião Eremítica Augustiniana. O INTERIOR DO TEMPLO De grandes dimensões e extensão (é uma das maiores igrejas bracarenses), o interior do templo, apresenta uma nave alta, coberta por uma abóbada de berço em pedra, esquartelada em caixotões graníticos, reforçada por arcos torais. O retábulo do altar-mor, é uma boa peça do século XVIII e é considerado um dos melhores desta arquiepiscopal cidade. O cimo deste retábulo imita em estilo e arranjo o das grandes basílicas. Segundo um opúsculo editado pela reitoria da igreja “Tem aos lados e em frente figuras que tem sido interpretadas como sendo a Igreja e a Sinagoga”. Ao centro da tribuna vê-se a imagem de Nossa Senhora da Consolação, que ocupa o lugar da padroeira Santa Maria do Pópulo, a quem D. Agostinho dedicou a igreja, dada a sua grande devoção a esta Senhora, culto que é muito praticado em Roma, no convento dos Eremitas de Santo Agostinho, onde esteve. Ladeando a imagem da Senhora da Consolação, vemos a de Santo Agostinho, padroeiro da Ordem dos Eremitas e, no outro, a de São Tomás de Vila Nova, que foi bispo de Valência e faleceu em 1555, já com fama de santidade, pelo seu espírito de santidade e pobreza. Debaixo do altar, num esquife, está a imagem do Senhor Morto. O S T Ú M U L O S A urna sepulcral de D. Agostinho de Jesus, elevada em relação ao pavimento da igreja, está metida, como já se disse, num arco sólio, inserido na parede, sustentada na frente sobre três leões que, nas garras, seguram as armas de fé de D. Agostinho de Jesus, o escudo de armas dos Castros, família da qual descendia o arcebispo. Em frente deste, como já anotamos, está a urna sepulcral de D. Aleixo de Meneses, igualmente sustentada por três leões, segurando também com as garras, o brasão de armas deste arcebispo. A igreja tem, além do altar-mor, sete capelas laterais, três do lado esquerdo, tendo como orientação a entrada do templo, e as restantes quatro do lado direito, sendo que duas delas foram, no século dezanove, colocadas nos antigos acessos por corredores ao convento, acessos entaipados, depois que passou a ser ocupado pelo exército. Todo o interior é forrado, até à abobada, de azulejos hagiográficos, do século XVIII, de magnificência extraordinária, focando aspectos da vida monástica da Ordem Agostiniana e de martírio de santos, como o do altar-capela de Santa Apolónia, assinados por António de Oliveira Bernardes, e que relata em desenho o martírio desta Santa – os algozes de tenazes na mão arrancando os dentes a Apolónia. A S C A P E L A S L A T E R A I S A Capela do Senhor dos Passos, hoje da “SANTÍSSIMA TRINDADE” Os retábulos das Capelas laterais, são dos finais do século XVII e princípios do XVIII. O seu estilo é do chamado “Estilo Nacional”, aqui bem representado, aliando a talha dourada ao azulejo parietal. Assim, partindo do altar-mor e depois de ultrapassado o arco cruzeiro deparamos com a antiga capela do Senhor dos Passos, cuja devoção teve início na demolida capela de Santa Ana, no Campo deste nome (Avenida Central) e que acabou por fixar-se na igreja de Santa Cruz. Os azulejos que adornam as suas paredes, representam, de um dos lados, o Senhor dos Passos e, do outro, a cena bíblica de Moisés elevando a serpente no deserto. Esta capela é hoje denominada de “Santissima Trindade”. Ao lado está a inscrição relaciona com uma obrigação, pois diz: “Esta Capela é de Salvador Magalhães Macedo seus Herdeiros, com obrigação de duas missas quotidianas – 1647”.Tem inseridas as armas desta família. Por debaixo deste altar está urna de Santa Susana, mártir no sec. III, com seu irmão São Vitor (?) ao tempo de Diocleciano. Em mísulas, ao lado e no altar estão as imagens de São Marçal e São Nicolau Tolentino. Senna Freitas, nas já citadas “Memórias de Braga”. tomo III, pag. 452, refere (relacionado com a visão de São Tolentino) no Pópulo, “no dia dez de Setembro, (data em que se comemora o seu falecimento), havia festa solene de São Nicolau Tolentino e neste dia repartiam uns bocadinhos de pão (os bolinhos de São Nicolau) tendo estampada a imagem do Santo. A bênção destes pãezinhos era feita com todo o aparato religioso”. . . . / . . .


publicado por Varziano às 15:24
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