Sábado, 4 de Outubro de 2008
A igreja e convento do Pópulo 2
Pópulo - continuação - 2
A CAPELA DE SANTA APOLÓNIA
Continuando e prosseguindo pela direita encontramos a capela de Santa Apolónia, virgem romana martirizada em Alexandria, em 249, muito venerada em Lisboa (recordemos a estação ferroviária de Santa Apolónia), devoção que os Frades Gracianos (Eremitas de Santo Agostinho do Convento da Graça) que vieram de Lisboa para a fundação do Pópulo, trouxeram esta para a cidade de Braga (esta vinda dos gracianos, deu a razão de por vezes serem chamados “Frades Gracianos”). A capela está forrada, como as restantes de azulejos alusivos ao martírio desta Santa, com inscrições latinas que traduzem o modo com que Apolónia foi martirizada. Num dos painéis, o lado esquerdo, tem o nome do autor da azulejaria – António de Oliveira Bernardes (Antonius Aboliva, Inventor).
Hoje esta capela foi dedicada a Santo António, oficial do Exército Português e confraria que veio para o Pópulo quando da demolição, cerca de 1950, do seu pequeno templo, na Praça do Município (antigo Campo de Touros), para dar lugar à rua Eça de Queiroz e arranjo do Jardim de Santa Bárbara.
Em edículas, ao lado de um dos Santos mais populares do Flos Sanctorum vemos São Bento, São Lourenço e ao centro, por baixo do trono de Santo António, a imagem daquela que deu o primitivo nome à capela. Segue-se, finalmente deste lado, a capela de
S A N T A M Ó N I C A
mãe de Santo Agostinho, imagem que ocupa o lugar central. Como em todos os restante também o azulejo representa cenas da sua vida de crente. No retábulo encontram-se a seu lado as imagens de Santa Verónica e de Santa Clara de Montefalco, monjas da Ordem de Santo Agostinho.
O Santo Português, São Lourenço de Lagos, famoso eremita da Ordem Agostiniana, que, nasceu em Lagos, em 1360, ocupou em tempos o primeiro lugar nesta capela. Foi superior do Convento da Graça e de outras casas conventuais, incluindo o de Torres Vedras, cidade de que é padroeiro.
Os azulejos desta capela focam diversos aspectos da vida dos eremitas de Santo Agostinho, com relevo para Santa Rita de Cássia.
Viremos agora para o outro lado do templo. A primeira capela que encontramos é a de
NOSSA SENHORA DAS DORES
Antes da lei que expulsou as Ordens Religiosas de Portugal, onde se encontra esta capela era a entrada directamente do Convento para a igreja. Com a ocupação das Casa Conventual pelo exército, foi fechada em parede de alvenaria. Convém aqui notar que após a expulsão foram entregues as igrejas às Juntas de Paróquia, como depositárias, isto é eram entregues para os actos religiosos, mas a propriedade seria sempre do Estado.
Ao centro do altar preside a imagem de roca (vestida de cetim, guarnecida de renda e galões finos e as espadas e diadema de metal prateado). Ao lado desta imagem, vêem-se, São Bernardo e Santa Catarina de Alexandria. Os azulejos que forram as paredes são anteriores à Capela e referem-se a São Nicolau Tolentino.
Seguindo a nossa observação, deparamos com a capela de
SANTA RITA DE CÁSSIA.
Esta capela foi assim denominada até 1911, passando depois a ser de NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS.
Como curiosidade, diz o opúsculo que nos tem servido de guia, para as nossas palestras na UBATI, que RITA, é a abreviatura de “MARGARITA”, nome assim grafado em Itália.
Famosa então pela sua santidade no mundo cristão, foi-lhe dedicada esta capela aquando da construção do templo do Pópulo.
Os azulejos das paredes laterais, são dedicados a esta Santa estigmatizada. No meio de um dos painéis de azulejo, estão representados Santo Agostinho, São João Baptista e São Nicolau Tolentino, santos que teriam concedido a graça, ou milagre, de ser introduzida no Convento, já que pela sua condição de viúva não poderia ser admitida.
NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS ou
IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA
Passou esta Capela a ser também a sede das Confrarias do Santíssimo Sacramento dos Remédios, de Nossa Senhora das Graças e da Pia União das filhas de Maria, instituições que transitaram da igreja e Convento dos Remédios, quando em 1913, foi demolido.
Várias foram as imagens que na igreja do Pópulo foram albergadas e vindas desse demolido convento, como Santa Inês, São Francisco de Assis, e outras mais. A seguir a esta capela pode ver-se a
CAPELA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO
Já antes do dogma da Imaculada Conceição, definido em 8 de Dezembro de 1854, os frades agostinianos professavam essa fé de maneira que, quando da fundação da igreja lhe dedicaram uma capela, com uma imagem da Senhora esmagando a serpente.
Nesta capela as imagens estão relacionadas com a sua Sagrada Família. Assim São José, com o Menino, São Joaquim e Santa Ana. Os azulejos desta capela referem milagres obtidos por sua intercessão.
No local onde existia uma porta do corredor de acesso do convento à igreja, fechado o vão como já dissemos, foi colocada a capela do
SENHOR DA AGONIA
Foi construída em 1880, graças à acção do Padre Manuel Martins de Aguiar, então capelão do Pópulo.
Outras imagens estão profusamente colocadas nos altares, algumas vindas de templos demolidos, como o dos Remédios e Santo António da Praça ou do Campo de Touros.
A TALHA DOS ALTARES
Pelo menos sabe-se que o entalhador bracarense Marceliano de Araújo, trabalhou na talha de alguns altares da igreja do Pópulo. Robert C. Smith, refere que ali, Marceliano de Araújo, deixou impressa a sua arte no retábulo e base do altar de Nossa Senhora da Conceição e no altar de Nossa Senhora das Dores e desses trabalhos reproduzimos as gravuras inseridas na publicação “Marcelino de Araújo”, devida ao citado Robert Smith.
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