Quarta-feira, 14 de Janeiro de 2009
A basilica dos Congregados
Luís Costa
A BASILICA DOS CONGREGADOS
CONVENTO DA CONGREÇAÇÃO DO ORATÓRIO
DE SÃO FILIPE DE NERY
Fundada em 1689, pelo
Padre José do Vale
sob o risco de
Manuel Fernandes da Silva
A fachada é atribuída a
André Soares
Foi executada pelo mestre pedreiro
Pedro Vital
UBATI- UNIVERSIDADE BRACARENSE DO AUTODIDACTA
E DA TERCEIRA IDADE
2008
A BASILÍCA DOS CONGREGADOS
No lado sul da Avenida Central, ergue-se o majestoso edifício da Basílica dos Congregados, uma arrojada construção, que se impõe entre todos os monumentais edifícios religiosos da cidade.
Foi ele sede da Congregação do Oratório dos Monges de São Filipe de Nery, que foi fundada em Braga, no dia 13 de Fevereiro de 1686, cento e onze anos depois da sua instituição em Roma.
Sendo arcebispo de Braga, D. Luís de Sousa, este antítese concedeu ao padre José do Valle (pouco depois falecido e substituído pelo seu companheiro rev. Manuel de Vasconcelos) licença para fundar em Braga uma filial da Congregação que se havia estabelecido em Lisboa.
No entanto e segundo Monsenhor Ferreira, na sua obra “FASTOS”, a iniciativa da fundação nesta cidade “duma casa da Congregação do Oratório” partiu do Cónego João de Meira Carrilho, possuidor de uma “fortuna avultada, de que desejava, … empregar na fundação de alguma obra pia, que fosse do maior agrado de Deus e bem do próximo”.
Entendeu então que poderia concorrer para a fundação em Braga, de uma casa relacionada com o Instituto de S. Filipe de Nery, que conhecera em Roma. Como a instituição já se encontrava instalada no Porto, escreveu ao fundador desta naquela cidade, com o seu propósito que, por seu turno, dirigiu a sugestão para Lisboa, ao padre Bartolomeu do Quental, fundador da instituição em Portugal, acedendo este em atender aos desejos do Cónego Carrilho.
Ainda, seguindo Monsenhor Ferreira, os primeiros padres que vieram para Braga, José do Valle e Francisco Rodrigues, a quem D. Luís de Sousa, lhes concedeu toda a protecção e carinho, hospedaram-se numa casa, junto à Sé, em frente da Porta do Sol, segundo Freitas, no Palácio de D. Fernando de Sousa. Começaram a fazer os seus trabalhos apostólicos na Capela de S. Geraldo. Em Outubro desse mesmo ano vieram mais padres de Lisboa. É então que compram as casas no Campo de Santa Ana, onde construíram uma pequena capela, e em 24 de Maio de 1687, mudaram-se para as novas instalações, devendo considerar-se este facto como a verdadeira fundação da Congregação em Braga.
Compraram mais, no mesmo campo, uma nova morada de casas, com quintal, pois o pequeno hospício, em breve se tinha tornado exíguo, dado que pouco tempo depois a comunidade já era constituída por mais de vinte padres, sendo, portanto, necessário para maiores cómodos, outras instalações (como curiosidade, sabe-se que entre 1687 e 1739, entraram na Congregação, mais de 140 padres). Pouco depois, após a sua ida para o Campo de Santa Ana, dariam início a obras para uma igreja condigna e em 16 de Outubro de 1689, o arcebispo lança a primeira pedra do novo templo.
Em 13 de Setembro de 1690, o papa Alexandre VIII, concedeu a confirmação e isentou-a da jurisdição paroquial, obtendo eles do rei D. João V, o beneplácito régio.
A obra da igreja, dada a falta de meios, esteve durante muitos anos parada, apesar dos benefícios, concessões e ajudas concedidas pelos arcebispos. Assim o arcebispo D. João de Sousa, para acudir à despesa que se estava a fazer com a construção, emitiu uma provisão dando autorização que em todo o arcebispado se pedissem esmolas a favor da Congregação ao mesmo tempo que concedia, do deu bolso, a esmola de cem mil reis.
D. Rodrigo de Moura Telles, em 1704, também emitiu uma provisão semelhante. Apesar de todas estas ajudas, de a igreja ter sido benzida em 1704 ( para este acto é condição necessária ter capela mor e lados laterais cobertos), pela gravura inserida no livro “As Fachadas das ruas de Braga”, de 1750, pode verificar-se que a igreja não tem fachada. Por vários anos, a igreja esteve assim incompleta. Foi necessário esperar até à última metade do século dezoito para se completar, pelo menos a fachada atribuída por Robert C. Smith a André Soares, não só pela data estar conforme com a actividade deste arquitecto-amador, que se julga ter trabalhado para a Congregação em outras partes do edifício, mas também por comparação com outros seus trabalhos devidamente documentados.
Senna Freitas, informa no Tomo I, pag. 347, que no ano de 1739, principiaram os Congregados a obra da portaria e o corredor da parte do campo, no mês de Maio de 1765 (quatro anos da morte de André Soares) se acabou a fronteira igreja, que o retábulo da capela mor se colocou no ano de 1783, ano em que se estucou o tecto da capela mor, enquanto que o do corpo da igreja foi trabalhado no ano seguinte. No pontificado de D. José de Bragança, este arcebispo lhes concedeu água da cidade e se fez o chafariz do claustro.
No tempo da administração do arcebispo D. Gaspar de Bragança, em 18 de Janeiro de 1761, se colocou a bela imagem de Nossa Senhora das Dores, em atitude de estar sentada junto da cruz, uma notável escultura, que, conforme nos ensina o Cónego Doutor Costa Lopes, é devida a António Pinto de Araújo. A colocação da imagem da Senhora das Dores, deu origem, nesta igreja à criação em Braga, do culto à mãe de Deus.
Senna Freitas, no Tomo I, pag. 462, das sua obra “Memórias de Braga” , a propósito da devoção à Mãe Santissima, diz :
…o Papa Benedito XIV, raciocinando latamente sobre a significação
e o motivo das Sete espadas; diz e escreve, que fora a instituição desta festa no ano de 1413, num sínodo Provincial de Colónia¸ por seu bispo Theodorico, para comprimir a audácia dos herejes hussitas – que, com sacrilégio e intolerância, ofendiam a Jesus Cristo e a Nossa Senhora.”
Informa mais que antigamente, era feriado nos tribunais o dia da Senhora das Dores. A devoção em Braga, deve-se ao fervor e zelo do Padre Martinho Pereira, da Congregação, que encomendou a imagem da Senhora ( e não como até aqui se dizia a esculturou ) e que foi com este princípio que começou o culto à Senhora das Dores, na hoje Basílica dos Congregados.
Ainda Senna Freitas, dá-nos, talvez, a razão do começo da devoção à Senhora, ao referir que em 22 de Agosto de 1725, o papa Benedito XIII, mandou “rezar as das Dores da Senhora ao estado eclesiástico e, dois anos decorridos, em 22 de Agosto de 1727, “ordenou que se rezasse delas em toda a Europa.”
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