Sábado, 19 de Dezembro de 2009
Bom Jesus 8
B.J.cad. 8 (cont. do cader.7) Uma varanda em granito, suporta as estátuas dos quatro evangelistas com os seus símbolos, e duas lápides sobrepostas às janelas, tem cada uma a sua inscrição, das quais a da direita diz: “O Monte é este em que se agradou Deus morar, porque o Senhor morará nele até ao fim.”Psalm.67,17 e a da esquerda: “Exaltai ao Senhor nosso Deus, e adorai-o no seu santo monte” Psalm. 98,9 No meio da fachada e sobre o grande janelão do centro, está o brasão de armas do rei Dom João VI, o monarca que, por alvará de 29 de Julho de 1822, tomou debaixo da sua Real e Imediata Protecção, o Santuário, com as mesmas prerrogativas e honras das Misericórdias. O frontão triangular, fechado, está primorosamente esculturado em baixo relevo, elementos alusivos à Crucificação de Jesus. Sobre o vértice do frontão uma cruz simples está arvorada sobre um plinto. A fachada é rematada por duas torres sineiras, num estilo que podemos dizer barroco (já o dissemos que nesta fachada estão representados três estilos) sendo a do lado Norte ocupada pelos sinos do carrilhão, que foram produzidos em Lisboa, e para a do lado Sul, foram utilizados os sinos da torre ao lado do templo mandado fazer por Dom Rodrigo. De notar que estas torres, com uns frontões circulares, que se sobrepõem a uma balaustrada, são encimadas por elegantes conjuntos, como torres mais pequenas com janelões, fachos aos lados, rematando com um bolbo invertido sobre o qual se vê um facho flamejante. Descrita, não com muito rigor, a fachada, penetremos no interior do Templo. O T E M P L O Logo na entrada, no templo de cruz latina, sobressai ao fundo altar-mor, o agrupamento escultural do Calvário, atraente composição cénica, com esculturas do artista bracarense, José Monteiro da Rocha, figurado que mais tarde foi corrigido pelos escultores bracarenses, Domingos José Vieira e seu filho Evangelista Vieira. Mas devemos esclarecer que a imagem de Cristo, não é de qualquer escultor bracarense, mas sim a que Dom Gaspar de Bragança mandou esculpir em Itália. É, podemos dizer, o corolário da Via Sacra, que decorre desde o pórtico até ao final do escadório dos Cinco Sentidos. O quadro que se nos apresenta representa ao Centro, ladeado por colunas neo-clássicas, Cristo com esplendor, no seu martírio da Cruz, no Gólgota. Sanefas de veludo, encimada por um frontão curvo, decorado nos seus lados por jarrões e encimado por motivo decorativo. A pintura de fundo representa um aspecto da cidade de Jerusalem. Fora deste conjunto, as figuras dos dois ladrões, pendurados nas suas cruzes – o bom e o mau. Vários soldados romanos com os seus artefactos guerreiros, as Três Marias e outros figurantes. Aos pés dois soldados jogam aos dados a Túnica do Senhor. Nas paredes da Capela Mor, lados, Norte e Sul , estão grandes quadros ovais, em tela, cópias de uns originais de Pedro Alexandrino, recolhidas no Museu do Bom Jesus para evitar a sua degradação pela humidade que ressumbravaria das paredes e até pelo fumo das velas de cera. Estas cópias foram admiravelmente executadas pelo pintor bracarense António Alves. No corpo da igreja, os altares laterais estão decorados com telas de Pedro Alexandrino (1730/1810) e representam os milagres materiais e espirituais de Jesus, assim a Ressurreição do filho de Naim, e a Conversão da Samaritana; o Perdão de Madalena e a cura do leproso; Cristo salvando S. Pedro das águas e Cristo entregando as chaves a S. Pedro; a cena do Parais, com a tentação de Adão por Eva, e outros mais. Este conjunto de telas estão pintados em ponto maior, ocupando a parte superior dos altares ( normalmente em outros templos com imagens) e numa espécie de roda pé, por telas pequenas em baixo. De notar que a única imagem que está neste templo, de início, além das do Golgota, é apenas a imagem em roca, da Senhora das Angústias, no extremo norte do braço do Arco Cruzeiro e em frente no outro lado o altar das Relíquias. Agora encontram-se num altar no arco Cruzeiro, a imagem de Nossa Senhora das Dores, que julgo ter vindo da primitiva igreja de Dom Rodrigo, e uma de Nossa Senhora de Fátima, recente como é a devoção. O órgão que se encontra neste templo pertencia ao Convento de Bouro e foi colocado depois da extinção das Ordens Religiosas, pelo decreto de D. Maria 1ª. Saindo do templo pela porta do lado Norte, vamos deparar com uma pequena capela, em que está representada a imagem do Senhor Agonizante, e sem a chaga do lado aberta, talvez no momento em que exclamou: Pai, porque me abandonaste! Esta imagem, em tamanho natural, é a primitiva do templo mandado erigir por Dom Rodrigo e foi esculturada em Itália. É a ela que os crentes prestam grande devoção dizendo que é a verdadeira imagem de Cristo. Como tal, as paredes estão pejadas de ex-votos, pinturas simples de gente humilde, que retratam os momentos de grande aflição, salvos por sua intercessão. Durante a Guerra Colonial, vários soldados além das suas fotografias, ali deixaram as suas fardas camufladas, catanas e outros objectos guerreiros. Antes da saída do templo, pelo Sul, deve visitar-se a ampla sacristia guarnecida com os retratos dos numerosos benfeitores, e sobre o arcaz, uma vitrina-oratório guarda uma cruz em ébano, marchetada de marfim, com um Cristo de marfim, uma peça que foi oferecida ao Santuário, pelo Viso-Rei da Índia, Dom Diogo de Sousa, Conde de Rio Pardo. O A D R O Como já foi mencionado, depois da morte de Moura Telles, as Confrarias que se sucederam, não deixaram de indo melhorando a estância. Assim por volta de 1732, o recinto que é hoje o adro, foi ocupado por um jardim em labirinto, e entre esta data e 1745 foram colocados novos canteiros, e colocadas, mais tarde, as figuras de José de Arimateia, com uma súplica na mão, (o pedido do corpo de Cristo), Pilatos recebendo-a, Nicodemus com um vaso na mão (contendo os óleos e perfumes para o embalsamamento do Corpo de Cristo) e o centurião com a lança e o broquel (confirma a Pilatos que Cristo está morto). Todas estas estátuas tem na sua base a respectiva inscrição. E como diz, o consagrado Dr. Alberto Feio, no seu já citado trabalho, foi, em parte graças à sua benevolência e iniciativa do bracarense, Manuel Rebelo da Costa, que tinha entrado para as Mesa da Irmandade, em 1749, que se levantaram estas estátuas. Também o mesmo historiador refere que entre 1732 e 1745, foram colocadas as figuras de Anaz, Caifaz, Herodes e Pilatos, de acordo com os acórdãos da Mesa de 23 de Setembro de 1732, 8 de Novembro de 1740 e 22 de Agosto de 1745. O códice da Biblioteca de Lisboa, não faz qualquer referência a estas estátuas. Estas estátuas, colocadas em semi-círculo do lado Sul do adro, tem também o seu significado e representam as ignominias a que Jesus foi sujeito na casa de Anaz, para a de Caifaz e de Herodes até à condenação na de Pilatos. A primeira, na sua inscrição no pedestal, diz : “E Anaz o mandou manietado ao pontífice Caifaz” Joan.Cap.18 v.24 Em frente a esta está de Caifaz, num gesto de rasgar as vestes, por ser uma blasfémia dizer ser Filho de Deus. Este gesto era assim o seu protesto. A inscrição relata: Rasgou aas vestes dizendo: blasfemou. Math.Cap26 v.65 A seguir a estas estátuas, está a figura de Herodes, com os braços estendidos na direcção de Pilatos. A inscrição diz: “E fez escárnio dele, mandando-o vestir com veste branca, reenviou-o a Pilatos.”Luc.Cap.23 v. 11 Pilatos, entregando título que devia ser posto na cruz, na base a seguinte inscrição: “Pilatos, Governador da Judeia,…entregou-lho para que fosse crucificado… e escreveu um titulo … em hebraico, em grego e em latim.”Joan.Cap.19 vv. 16,19,20 Todas as estátuas que se encontram no adro em semi-círculo delimitam um espaçoso largo que forma o adro, quatro de cada lado, estavam a princípio ligadas por parapeitos em pedra com assentos. Esses parapeitos foram arredados para dar melhor acesso ao adro, ficando sem estorvos. Fronteiro a este conjunto, encontra-se o antigo Hotel Sul Americano, agora remodelado e que julgo ter adoptado o nome de Hotel do Bom Jesus. Ao lado esquerdo deste hotel, encontra-se um fontanário cujo aspecto nos leva a pensar ser devido a André Soares. Daqui parte um caminho que vai entroncar com a estrada de acesso, ao templo e mata, no local do túnel do escadório dos Sentidos e passagem aéria do elevador. Do lado norte do adro encontram-se, como já dissemos, quatro estátuas sobre as suas bases, referem-se estas estátuas, á situação depois da morte de Jesus Cristo. A primeira, na qual está representado José de Arimateia, tem a inscrição: “Este foi ter com Pilatos e pediu-lhe o Corpo de Jesus”Luc.Cap.23 v. 52 Fronteira a esta estátua está a de Pilatos, recebendo a petição. O governador da Judeia, tendo a certeza que Jesus está morto, mandou entregar o corpo. A inscrição relaciona-se: “Então Pilatos mandou que se lhe desse o corpo”Math. 27 v. 58 Ao lado um Centurião, com a lança e escudo, trem no plinto os dizeres: “E como o soubesse do Centurião, deu o Corpo a José” Marc. Cap.15 v. 45 A quarta figura, é de Nicodemus, com uma taça na mão esquerda. A legenda: “Trazendo uma mistura de mirra e aloés.”Joan. Cap.19 v. 39 Deixando o adro e dirigindo-nos para o Largo ao lado norte do Templo, encontramos a Casa das Estampas, onde o visitante e devoto pode comprar votos e lembranças da sua peregrinação ao Bom Jesus. Perto encontra-se uma gruta artificial, construída nos primeiros anos do século XX sob projecto de Ernest Korrodi que desenhou outras e outros motivos que se encontram por todo o parque. Sobre a gruta do largo, há caminho dá acesso a uma avenida – dos Sobreiros - onde se encontra uma gruta de concharias, que ali foi parar e pertencia ao jardim do Paço do arcebispo Dom José, hoje Biblioteca Publica e Arquivo Distrital, gruta que é atribuída ao risco de André Soares. Este caminho é também utilizado para chegar directamente ao lago. No miradouro junto ao Hotel do Elevador onde, no verão, está o célebre, óculo que deu origem ao dito “ver Braga por um canudo”, e também uma esplanada, onde o turista pode descansar, e tomar uma bebida ou um café. Neste largo encontra-se o coreto e ao seu lado parte um lanço de escadas que levam ao Terreiro do Evangelistas, ao hotel Parque, ao lago, ao agora remodelado hotel do Lago e ás últimas capelas. No primeiro patamar deste escadório ergue-se a: CAPELA DA DEPOSIÇÃO Também conhecida pela da Unção, ou ainda pela Capela das Lágrimas Alberto Feio, diz no seu trabalho já várias vezes citado. Que é uma construção do Tempo do Arcebispo Moura Telles. No entanto no Códice que também nos tem servido de guia, diz: “A sua formatura e esquadria é óptima e melhor do (que) as dos demais passos. Esta Capela foi feita no ano de 1769 e par ela se fazer precedeu licença de D. José com data de 17 de Junho de 1750. Contém quinze figuras e nela se vê o Santo Sacro Cadáver depositado em um féretro, Maria Santíssima, o Evangelista, Santa Maria Madalena, as Marias, os seis profetas, o centurião. Ao longe o sepulcro aberto e a Cruz, formando lúgubre aparato desta capela. De fronte tem uma fonte de escadaria, com suas pirâmides deitando em uma taça da qual sai água para a fonte dos Sete Castelos e esta água é a melhor do sítio”. A Virgem Maria verte copiosas lágrimas e daí vem o nome porque é também conhecida esta Capela. Alberto Feio afirma que “não é destituída a escultura de Cristo”. A inscrição sobre a porta diz: “Puseram-no no sepulcro.”Act. Apos. C.13 v.29 (4 do caderno 8) …/… continua no caderno 9


publicado por Varziano às 19:08
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