Sábado, 19 de Dezembro de 2009
Bom Jesus 6

Caderno nº 6 – Bom Jesus (1 do c.6) Finalmente, no último patamar do Escadório dos Cinco Sentidos com a Fonte do: SENTIDO DO TACTO Esta é a última fonte dos sentidos corporais e ela se enobrece com a estilização completa do brasão de fé do arcebispo Moura Telles, que a mandou edificar, ou seja a cruz, coroada, da Ordem Cristo, mitra, chapéu com borlas pendentes e os sete castelos em fita elipsoidal. Quando desenho para esta fonte, a principio, estava para ter outra figuração. “Numa tarja se vê, diz o códice, uma meia figura apalpando com as mãos um animalejo (ouriço cacheiro) que está lançando copiosas fontes de água pelos seus espinhos e, pelos lados, tem algumas aranhas, que tem a propriedade do tacto, que são alusivas a êste sentido e por alusão ao mesmo ao mesmo sentido e por remate da fonte El-rei Midas com a clâmide real (manto rico usado pelos antigos e preso no ombro por um broche), ceptro na mão, coroa na cabeça e o seguinte dístico = que simboliza Jesus Cristo =: Dos Midas o mais rico, assim pudesse Os nossos corações tocar piedoso! De férreos, como são, ei-los dourados Do seu amor ao toque portentoso. Que lavado mais a rigor, quer dizer : “Eis aqui o mais rico Midas; preza a Deus que toque o coração de todos, que pronto, que sejam de ferro, o seu os tornará em ouro”. Segundo Forjaz Sampaio, em Memórias do Bom Jesus do Monte, teve depois esta estátua gentílica o nome de Assuero com a inscrição: Estendeu a mão com o ceptro de ouro para lhe dar mostras de clemência. No entanto hoje, o animalejo, talvez pela dificuldade de não ser possível deitar água pelos espinhos, foi ele substituído por uma figura que segura nos seus braços uma bilha escorrendo água. No cimo da fonte foi a estátua de Assuero, transformada em Salomão, com púrpura e coroa tendo na dextra o ceptro e os dizeres na tarja: Salomão. As minhas entranhas estremeceram ao seu toque Ladeando esta fonte, vê-se a um lado a estátua de Isaías com uma tenaz pegando numa brasa e na tarja a letra: Tocou a minha boca! Do outro lado, está a estátua de Isac, cego, e na tarja a inscrição: Chega-te a mim meu filho, para eu te tocar. Neste terreiro termina o Escadório do Cinco Sentidos. Todas as estátuas indicadas, diz o códice que faz uma descrição pormenorizada de todo o conjunto devido a Moura Telles, “são de pedra fina e de estatura ordinária., e as ruas do Santuário, calçadas e altivas (?) para vencer a altura do monte. Os lados desta majestosa escada estão guarnecidos com canteiros ou socalcos coroados de murta com árvores do Gerez, que aformoseiam os lados desta sumptuosa escada”. De notar que em todas as fontes, tem, à roda cartela onde estão figurados os sentidos corpóreos, inseridas as armas de fé do arcebispo – Sete Castelos. Continuando a seguir o Códice, fala-nos numa escada que partia do cimo do Escadório para um terreiro em que da parte direita existia um jardim, com um lindo génio que lançava num tanque água cristalina, casas da mesa, do capelão, quartéis para os romeiros, e casa para o ermitão e um meio claustro com uma varanda com quartéis e um grande chafariz no meio. No lado esquerdo estava a figura de Moisés, ferindo com uma vara o penedo de que saia água de uma fonte, alusão ao facto, de Moisés, no deserto, ter feito rebentar a água de um penedo. Afirma ainda que no meio do terreiro, depois do Escadório, estava uma pequena ermida com um jardim onde se via Santa Maria Madalena, em êxtase. Refere também que o acesso ao templo mandado edificar por Dom Rodrigo, se fazia por uma escada com corrimões de ferro e que o templo era feito à romana, quase redondo, com retiro para a Capela-Mor, com três portas e a principal com duas colunas. Tinha, no cimo da principal, uma inscrição que dizia ter sido mandada fazer pelo Arcebispo Moura Telles que a tinha consagrado ao Senhor Crucificado e a sua alma à posteridade, no ano de 1725. Desenvolve o interior do templo e diz que a imagem do Senhor Crucificado, a deu o Sereníssimo Senhor Arcebispo de Braga, Dom Gaspar. Informa também que no Altar-mor se adorava a Deus Sacramentado, a partir de 6 de Outubro de 1765. Fala do altar das Relíquias e de S. Clemente Mártir. Lamenta que o templo, em 1790, se encontrasse em ruína, mas que já se tinha principiado a fazer um novo. Na Biblioteca Pública de Braga, há um desenho em que mostra a igreja com as suas paredes exteriores escoradas. Refere ainda o manuscrito que um pouco desviada, se encontrava “junto da fonte do Penedo uma torre com os seus sinos e relógio e diz que aqui se acabaram as obras que fez o Exmº Senhor Dom Rodrigo de imortal memória neste Santuário”. Sobre este penedo está hoje, a estátua equestre do Longuinhos, estátua oferecida em 1819, pelo Dr. Luís de Castro do Couto, do Pico de Regalados, e foi executada pelo escultor Pedro José Luís, que a concluiu em 1821. Os sinos da torre, depois de destruída, foram colocados na torre sul do novo templo. Em 1837, para dar uma maior sumptuosidade aquela parte de acesso a um jardim que encimava a obra do Arcebispo, a Mesa Administrativa da Confraria resolveu alongar mais o escadório do primitivo Santuário e criando para isso um novo lanço da escadas, ao qual pôs o nome de Escadório das Virtudes, o qual é composto por três lanços, com o mesmo traço do dos Sentidos, mas que em cada um deles se representaria uma das virtudes teologais – FÉ, ESPERANÇA E CARIDADE. No entanto esta novo escadório já não seguiu o estilo barroco que se representou no anterior. As fontes, cavadas nas paredes, são do estilo Luís XVI, apresentado no seu cimo as estátuas alegóricas. Entre estes dois escadórios, existe um amplo terreiro, foi onde existiu a ermida de Santa Cruz e a igreja que foi demolida, como dissemos, pelo seu estado não oferecer segurança, caso que mais adiante falaremos a propósito da construção do novo templo. É guarnecido de assentos de cantaria, que tem como resguardos paredões enfeitados com floreiras em pedra. No topo deste terreiro, por uma escada semicircular, vamos deparar a primeira fonte e na qual é representada a virtude da F É (2 do c.6) Uma cruz simples, de um só traço, arvorada em Calvário, jorra água por três goteiras, assinalando o local dos cravos. Por cima uma cartela diz: Correrão dele águas vivas. Como remate no cimo, está uma estátua, figurando uma mulher com os olhos vendados, segurando numa das mãos um cálice com uma hóstia e na outra, o dedo aponta o ouvido. Também esta tem a sua inscrição, na peanha lê-se: Fé … argumento das coisas que não se vêem… A Fé é pelo ouvido; e o ouvido pela palavra de Cristo. A esquerda, é representada a Docilidade. De novo uma mulher, com o braço esquerdo levantado, aperta na mão uma serpente, e no braço direito, um escudo no qual está relevada uma cabeça de elefante, tendo como remate uma ampulheta, coroada com uma serpente no meio de dois espelhos. A inscrição deste conjunto diz: Com o coração se crê para alcançar a justiça. No lado contrário, uma outra alegoria está representada a Confissão. Uma figura feminina sustenta na mão as Tábuas da Lei, com o indicador dirigido ao primeiro mandamento. Na inscrição estão gravados os seguintes dizeres: Mas com a boca se faz a confissão para conseguir a salvação. Seguindo para o segundo patamar vamos encontrar a representação da E S P E R A N Ç A simbolizada na fonte pela Arca de Noé, no cimo de uma montanha, da qual brotam alguns veios de água que se dirigem para a taça. No nicho está a legenda: Arca na qual … se salvaram almas. Encima esta fonte outra figura feminina – a estátua da Esperança, sustentando na mão esquerda um âncora e na direita uma pomba. Na base tem a inscrição: Aguardando esperança bem aventurada e a vinda da glória. Do lado norte a estátua da Confiança, tendo na mão um navio de largos panos. Na peanha a inscrição diz: Na esperança está a vossa fortaleza. A sul está a representação da Glória, segurando na mão dextra o Sol e na outra uma palma. À esquerda desta alegoria está sobre uma base, um globo terrestre e em baixo as letras: O olho não viu nem o ouvido ouviu: (3 do c.6) …/… continua no caderno nº 7



publicado por Varziano às 19:30
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