RUA FREI JOSÉ VILAÇA ( Frei de José de Santo António Vilaça)
Principiando na rua Cidade do Porto e terminando na rua Padre Cruz, na freguesia de Santa Maria de Ferreiros, com prolongamento pelo sítio da Quinta dos Apóstolos, para a estrada nacional nº 103, com destino a Barcelos, pela Curva da Amarela, a rua Frei José Vilaça ( frei José de Santo António Vilaça) tem a entroncá-la as ruas do Cruzeiro, Sebastião Lopes, Júlio Diniz e Padre Cruz, dando também acesso à chamada Cidade Satélite, a primeira urbanização sub-urbana de Braga, tudo da freguesia de Ferreiros. De notar que na rua Frei José Vilaça, e enfrentando-a se encontra o Igreja de Santa Maria de Ferreiros, a reconstrução de um primitivo templo, mandado fazer ou reformado por Dom Diogo de Sousa, como o prova o brasão de fé deste antístete e que ainda se pode ver no que resta dessa edificação e hoje serve de capela funerária.
Segundo a notícia publicada no jornal bracarense “O Comércio do Minho”, a igreja de Ferreiros, depois de reconstruída, abriu ao culto em 21 de Setembro de 1919.
No adro da igreja e confrontando a rua de que estamos a tratar, está sob um alpendre, um crucifixo com imagem de Cristo. Este monumento esteve em tempos colocado no muro ( hoje o local é ocupado pelas instalações da Grunding ), num cruzamento da estrada do Porto com a de Barcelos, com uma passagem de nível, hoje fechada, e que ficou tragicamente assinalada pelos finais da década de vinte do passado século por um dos mais graves acidentes, quando uma composição ferroviária colheu uma caminheta com passageiros da Pousa e Martim, desastre que provocou várias mortes e feridos.
Frei José de Santo Vilaça, frade beneditino, escultor e entalhador, nasceu nesta cidade de Braga, em 1732, no Terreiro de São Lázaro e morreu no Mosteiro de Tibães em 30 de Agosto de 1809. Durante os seus anos de vida monástica, deixou a sua marca de artista, não só na Casa Mãe da sua ordem, o Mosteiro de Tibães, mas também por toda a região nortenha.
Podemos ver obras suas em Tibães: as esculturas de São Bento, Santa Escolástica, São Martinho, a Tribuna do Mosteiro, as sanefas da igreja, o pé do órgão, o oratório do coro e a cabeça de Cristo, no crucifixo. Trabalhou no Mosteiro de Refojos de Basto, onde a sua arte está representada na Tribuna da Igreja e ainda em dois altares colaterais, e no pátio. Também neste mosteiro é risco seu a talha dos espelhos da sacristia, a obra do coro e o dormitário.
No Mosteiro de Pombeiro assinou o risco da Capela-Mor. Fez também obras para Santo Tirso, no mosteiro de São Bento, em dois retábulos que se admiram na nave da igreja e em Paço de Sousa, na Igreja e Mosteiro de São Salvador e vários outros Mosteiros Beneditinos. Foi chamado para muitas e distantes partes do Reino para delinear obras, dar planos e fazer riscos.
Deve-se a este frade entalhador o retábulo da Igreja de Santa Cruz, de Braga. É considerado como um dos mais notáveis artistas portugueses do século XVIII.
Frei José de Santo António Vilaça, discípulo de André Soares, diz Robert C. Smith, em Colecção Estudos de Arte – Livros Horizonte, “…Cabeceiras de Basto, cuja grande igreja beneditina é toda uma homenagem a André Soares, prestada pelo seu discípulo Frei José de Santo António Vilaça”.
Tem sido atribuídos a este entalhador Frei José Vilaça, e reportamo-nos à obra citada de Smith, os três retábulos do templo de Santa Maria Madalena, na Falperra:
“Os três retábulos deste templo e as suas grades, de 1771, de uma grande opulência de desenho e policromia muito elegante, tem sido atribuídos a Fr. José de Santo António Vilaça.”
Não ficou só pela sua arte de escultor, entalhador e desenho de riscos para as suas magníficas obras, que o enobreceram em pleno século do ouro. Frei José de Santo António Vilaça criou em Tibães, no Mosteiro, uma escola de escultores e entalhadores contribuindo assim para que a nobre arte de deslumbramento da talha da madeira tivesse na região bracarense, grandes nomes.
Braga, 26 de Abril de 2008
LUÍS COSTA